A Ford anunciou a suspensão de seu guidance financeiro para o ano, citando que as tarifas sobre automóveis impostas pelo presidente Donald Trump terão um impacto significativo em seus lucros. A empresa se junta a outras montadoras que também enfrentam desafios impostos por políticas comerciais voláteis em todo o mundo.
A montadora estima que as tarifas irão reduzir seus ganhos ajustados antes de juros e impostos de 2025 em impressionantes US$ 1,5 bilhão neste ano. Apesar do report de lucro no primeiro trimestre que superou as expectativas, as consequências das tarifas serão duras. O impacto total das tarifas para a Ford é avaliado em cerca de US$ 2,5 bilhões, dos quais a empresa planeja mitigar US$ 1 bilhão utilizando estratégias como transporte denominado “bonded”, para proteger as peças dos impostos ao cruzarem fronteiras internacionais, como revelou a diretora financeira Sherry House.
Identificando uma série de fatores, a Ford decidiu retirar sua previsão anterior de até US$ 8,5 bilhões em Ebit ajustado este ano, citando potenciais desventagens na cadeia de suprimentos da indústria devido às tarifas e o risco de futuros aumentos impostos.
No mercado, as ações da Ford caíram 2,8% após o horário de funcionamento na segunda-feira, embora tenham subido cerca de 3,8% neste ano até o fechamento de sexta-feira, superando a queda de 3,3% do S&P 500. O CEO da Ford, Jim Farley, afirmou que a empresa esperará a reação dos concorrentes aos custos adicionais das tarifas antes de considerar qualquer ajuste nos preços de seus veículos.
Recentemente, Trump isentou as montadoras de algumas tarifas adicionais sobre importações de automóveis, medida que, segundo a Casa Branca, é um esforço para auxiliar as empresas enquanto elas transferem produção para os EUA. No entanto, a Ford continua a monitorar a situação e está aguardando possíveis ajustes no crédito pelo conteúdo norte-americano em veículos importados do México.
Embora a Ford tenha menos exposição a tarifas comparada aos concorrentes de Detroit, que enfrentam custos significativamente maiores, os desafios ainda são grandes. A General Motors, por exemplo, cortou drasticamente sua previsão de lucro para o ano, prevendo uma exposição de até US$ 5 bilhões.
Em termos de desempenho financeiro, a Ford enfrenta um cenário complicado, com o aumento de custos relacionado a garantias e a perdas em veículos elétricos que podem chegar a US$ 5,5 bilhões neste ano. O lucro ajustado da Ford no primeiro trimestre foi de 14 centavos por ação, superando a expectativa de perda de 4 centavos por ação entre os analistas.
Além disso, a Ford Blue, divisão responsável por veículos tradicionais, viu seus ganhos antes de juros e impostos caírem drasticamente para US$ 96 milhões, em comparação aos US$ 901 milhões do ano anterior, refletindo os desafios dos custos de lançamentos dos SUVs Expedition e Lincoln Navigator. Apesar disso, ainda teve desempenho melhor do que a previsão de perda de US$ 288 milhões do mercado. As vendas nos EUA também recuaram 1,3% no primeiro trimestre.
A unidade Ford Pro, que se especializa em veículos comerciais, apresentou um lucro robusto de US$ 1,3 bilhão, alinhando-se às expectativas dos analistas. Já a Model E, focada em veículos elétricos, registrou uma perda de US$ 849 milhões no primeiro trimestre, que foi menor do que o esperado pelos analistas. As vendas de veículos elétricos aumentaram 11,5%, embora ainda representem apenas 4,5% do total de entregas da empresa.

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