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Explosões no Líbano: Teorias de Sabotagem e Acusações de Israel Fervem no Debate
Explosões abalaram o Líbano, deixando 11 mortos e milhares de feridos. Teorias de sabotagem e acusações se espalham rapidamente.
Na terça-feira (17), uma série de explosões de pagers em todo o Líbano deixou o país em estado de choque. A tragédia resultou em pelo menos 11 mortes e cerca de 3.000 feridos, levantando questões sobre como esses dispositivos, considerados obsoletos em quase todo o mundo, foram transformados em armas mortais.
Enquanto a liderança libanesa aponta o dedo para Israel, alegando que o ataque visava militantes do Hezbollah, especulações fervilham sobre a possível infiltração na cadeia de suprimentos dos pagers. A teoria mais discutida sugere que as baterias foram manipuladas para superaquecer a ponto de explosão.
“Isso é claramente um sinal de ‘jogo sujo’”, disse Johnny Corm, ministro das Telecomunicações do Líbano, em entrevista à Bloomberg.
No entanto, Robert Graham, especialista em cibersegurança, refuta essa teoria. Em um post no X, ele afirma que “fazer as baterias fazerem qualquer coisa além de queimar é extremamente complicado e pouco crível. O que é mais convincente é que alguém subornou a fábrica para inserir explosivos nos dispositivos.”
Outras teorias surgem, incluindo a possibilidade de que um sinal eletrônico tenha provocado as explosões. “Se isso for verdade, o que pode ter ocorrido é um defeito físico intencional ativado por um sinal cibernético ou uma frequência de rádio”, comentou Mark Montgomery, almirante aposentado e diretor executivo da Cyberspace Solarium Commission.
A televisão Al-Manar, filiada ao Hezbollah, divulgou imagens de pagers da Motorola que, segundo eles, estavam em uso antes das explosões. O deputado do Hezbollah, Ibrahim Mousawi, afirmou: “Esses pagers foram detonados com alta tecnologia pelo inimigo israelense.” A Motorola, até o momento, não respondeu aos pedidos de esclarecimento da Bloomberg.
“Infiltração na cadeia de suprimentos”
A especialista Deepa Kundur, da Universidade de Toronto, levantou a suspeita de que o ataque pode ter envolvido uma “implantação na cadeia de suprimentos”. Essa tática permitiria que um atacante inserisse um componente explosivo disfarçado em um pager, possivelmente ficando dormente por meses ou até anos até ser ativado por uma mensagem.
Embora os pagers tenham sido amplamente substituídos por smartphones, a NPR relatou que muitos hospitais nos EUA ainda os preferem, e seu uso é comum em instalações médicas no Líbano.
Militantes do Hezbollah frequentemente utilizam equipamentos de comunicação simples, como pagers e walkie-talkies, para evitar que suas comunicações sejam interceptadas pela inteligência israelense, podendo enviar mensagens criptografadas sem revelar suas localizações.
Israel não confirmou nem negou seu envolvimento nas explosões, mas Matthew Levitt, do Washington Institute, comentou que “é um golpe significativo de inteligência para Israel, o que indica uma penetração nas operações de segurança do Hezbollah”.
“Israel está elevando a aposta, mas na verdade procura enviar uma mensagem ao Hezbollah sem uma guerra em larga escala”, acrescentou Levitt.
Enquanto isso, autoridades americanas informaram não ter conhecimento prévio sobre os incidentes envolvendo os pagers.
Inteligência israelense
A inteligência israelense é amplamente reconhecida por sua expertise em operações de sabotagem encoberta, sem nunca admitir oficialmente seu envolvimento.
Um dos casos mais famosos foi o ataque Stuxnet, descoberto em 2010, onde um código de computador destruiu cerca de 1.000 centrífugas nucleares no Irã. Considerado um esforço conjunto de Israel e dos EUA, esse ataque é um exemplo de sua habilidade em realizar operações complexas.
Em 1996, Yahya Ayyash, o fabricante de bombas do Hamas, morreu quando seu celular explodiu durante uma ligação, com a Shin Bet, o serviço de segurança de Israel, sendo responsabilizado pelo incidente. Em 2001, uma armadilha semelhante foi armada em um telefone público em Nablus, que explodiu quando usada por um membro de um grupo militante palestino.
Recentemente, em julho, Ismail Haniyeh, líder do Hamas, foi morto em uma explosão em uma casa de hóspedes em Teerã. Como de costume, Israel não confirmou ou negou seu envolvimento, mas acredita-se que uma bomba planted na casa foi ativada remotamente.
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