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Explosões de pagers no Líbano: Taiwan nega responsabilidade e mistério aumenta

Gold Apollo afirma que fabricação dos pagers explosivos é responsabilidade de empresa húngara, levantando questões sobre o ataque no Líbano.

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Sede da Gold Apollo em New Taipei City no dia 18 de setembro. Imagem por: Yan Zhao/AFP/Getty Images

A tensão no Oriente Médio aumenta enquanto a Gold Apollo, de Taiwan, cuja marca aparece nos pagers explosivos que deixaram um rastro de destruição no Líbano, se isenta de qualquer responsabilidade. A empresa alega que a fabricação dos dispositivos incendiários foi feita por uma empresa húngara, a BAC Consulting, pressionando ainda mais as investigações sobre este evento trágico.

Em um comunicado contundente, a Gold Apollo enfatizou que seu relacionamento com a BAC, que existe há anos, limita-se a licenciamento de marca, e não envolve o design ou a produção dos produtos. “O modelo AR-924 é exclusivamente fabricado pela BAC,” explicaram os representantes da empresa. Uma resposta à altura que, infelizmente, não dissipou a sombra da dúvida que paira sobre esse caso.

A BAC Consulting, no entanto, permanece em silêncio, não retornando e-mails ou telefonemas feitos em busca de esclarecimentos. Enquanto isso, o Ministério das Relações Exteriores de Taiwan afirmou categoricamente que “não há problemas registrados com os pagers exportados”, mas que a investigação está em andamento e solicita paciência à mídia.

Na terça-feira, dia 17, uma onda de explosões abalou o Líbano, resultando em pelo menos nove mortes e cerca de 3.000 feridos. O Hezbollah, grupo militante envolvido no episódio, não hesitou em apontar o dedo para o governo israelense, aumentando os temores de um conflito aberto em um cenário já desgastado por confrontos quase diários.

As circunstâncias das explosões desencadeiam um mistério maior: como foi possível essa operação tão bem orquestrada? Relatos do New York Times sugerem que pequenas cargas explosivas foram estrategicamente plantadas dentro dos pagers encomendados pelo Hezbollah. Com apenas 30 gramas de material explosivo acoplados à bateria e um mecanismo de detonação incluído, as explosões sincronizadas ocorreram de forma quase cinematográfica em várias cidades simultaneamente.

É intrigante também notar que a Gold Apollo é uma empresa de baixo perfil, com apenas 40 funcionários, e ainda assim se viu no epicentro de uma crise internacional. Quando questionado, Hsu Ching-Kuang, o fundador, reafirmou que sua empresa não se envolveu na fabricação. “Trabalhamos com a BAC por três anos. Estamos buscando desenvolver nossos próprios pagers”, revelou Hsu, que nunca encontrou pessoalmente o líder da BAC.

Desde 1995, a Gold Apollo se especializa na produção de pagers alfanuméricos, apresentando-os como uma solução de comunicação confiável. No entanto, seus produtos se tornaram alvo de um ataque que expôs vulnerabilidades não apenas tecnológicas, mas também da cadeia de suprimentos. O Hezbollah, que utiliza esses dispositivos para evitar interceptações, agora se vê como parte de uma tempestade muito maior.

Segundo o Ministério de Assuntos Econômicos de Taiwan, as investigações indicam que os pagers podem ter sido modificados, uma vez que a bateria é insuficiente para gerar qualquer explosão fatal. Porém, o governo libanês trata os eventos como um ataque deliberado vindo de Israel e continua a exigir respostas.

À medida que a comunidade global aguarda mais informações, surgem teorias sobre como um dispositivo considerado obsoleto se transformou em instrumento de destruição. Especialistas em cibersegurança sugerem que corrupção nas fábricas pode ter permitido a infiltração de explosivos. Deepa Kundur, da Universidade de Toronto, destaca a preocupação com a manipulação da cadeia de suprimentos, onde até componentes podem ser comprometidos sem o conhecimento dos fabricantes.

Embora os pagers tenham sido superados pelos smartphones na maioria dos lugares, o NPR relata que continuam sendo usados em ambientes hospitalares nos EUA e no Líbano, onde ainda são preferidos em certas circunstâncias.

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