Business
EUA tentam obrigar Google a vender o Chrome em ação antitruste histórica
A Justiça dos EUA busca remodelar o mercado digital forçando a venda do Chrome, o que pode transformar a dinâmica entre tecnologia e concorrência.
As autoridades antitruste do Departamento de Justiça dos EUA deram um passo audacioso, solicitando a um juiz que exija a venda do navegador Chrome pela Alphabet, dona do Google. Esta ação tem potencial para se tornar um divisor de águas na luta contra a monopolização por grandes empresas de tecnologia.
O pedido do departamento vem na esteira de uma decisão anterior, que confirmou que o Google monopolizou ilegalmente o mercado de buscas. Além do Chrome, os órgãos reguladores também envolvem questões ligadas à inteligência artificial e ao sistema operacional Android, sustenta fontes que pediram anonimato em razão da natureza sensível do tema.
Nesta quarta-feira, autoridades antitruste, em colaboração com estados participantes, podem recomendar que o juiz federal Amit Mehta imponha exigências rigorosas sobre o licenciamento de dados. Essa recomendação, se aceita, pode reformular não apenas as buscas online, mas influenciar significativamente a crescente indústria de inteligência artificial.
O caso em questão remonta à administração Trump e continuou sob a presidência de Joe Biden, representando a ação mais direta contra práticas monopolistas desde a tentativa frustrada de desmembrar a Microsoft há 20 anos.
Representantes do Google, como Lee-Anne Mulholland, denunciam essas ações do Departamento de Justiça como uma “agenda radical”, afirmando que isso prejudicaria consumidores e desenvolvedores em uma era que demanda inovação e liderança tecnológica.
Por que a venda do Chrome?
A justificativa para a venda do Chrome, navegador mais usado globalmente, é sua relevância como principal porta de entrada para o mecanismo de busca do Google, conforme destacam fontes próximas ao caso.
Embora o governo tenha a prerrogativa de decidir sobre a venda do navegador mais tarde, isso deverá ser feito considerando se outras medidas já implementadas criam um ambiente de competição mais robusto. Atualmente, o Chrome detém cerca de 61% do mercado nos EUA, segundo a StatCounter.
Nos últimos meses, advogados do governo dialogaram com diversas empresas em busca de uma solução, e novas propostas ainda estão sendo consideradas pelos estados envolvidos.
Os agentes antitruste optaram por não seguir uma abordagem mais drástica que poderia ter incluído a venda do sistema Android, mostrando que estão cautelosos, mas determinados.
O recurso do Google
A decisão de agosto do juiz Mehta, que concluiu que o Google infringiu leis antitruste nos setores de busca online e publicidade, surgiu após um extenso julgamento de 10 semanas. A gigante da tecnologia já anunciou seu plano de recorrer.
A audiência para discutir as reformas necessárias será realizada em abril, com a expectativa de que uma decisão final seja emitida até agosto de 2025.
Os reguladores e os estados estão concordando em recomendar que o Google autorize o licenciamento de seus resultados de busca e ofereça opções a sites para controlar o uso de seu conteúdo em produtos de IA.
Além disso, os representantes antitruste planejam exigir que o Google separe seu sistema Android de outros serviços, como buscas e a loja Google Play, atualmente oferecidos como um pacote integrado. Uma maior transparência na relação com anunciantes também está em pauta.
Essas propostas foram inicialmente apresentadas em outubro, incluindo uma proibição a contratos exclusivos, que estiveram no cerne do caso contra o Google.
Desafios da Inteligência Artificial
Atualmente, as “Visões de IA” dominam o topo das páginas de busca do Google, utilizando dados que os sites não conseguem evitar que sejam usados, o que pode impactar diretamente sua visibilidade e alcance.
Os editores da web expressaram preocupações sobre como esse mecanismo tem afetado negativamente o tráfego e a receita publicitária, uma vez que os usuários raramente acessam os conteúdos originais gerados a partir dessas informações.
Os reguladores antitruste pretendem sugerir duas abordagens em relação ao licenciamento de dados: a venda dos dados de “clique e consulta” e a criação de um sistema separado para sindicância dos resultados de busca.
Permitir que o Google sindicie seus resultados pode propiciar condições para que concorrentes e startups aprimorem suas próprias ferramentas de busca, fomentando um ecossistema digital mais saudável.
You must be logged in to post a comment Login