De acordo com fontes que preferem manter anonimato, os Estados Unidos estão estabelecendo uma exigência clara para a Rússia: aceitar o direito da Ucrânia de formar e manter seu próprio exército e indústria de defesa em um possível acordo de paz com Moscou.
O enviado especial americano, Steve Witkoff, está agendado para discutir essa questão crucial com o presidente russo, Vladimir Putin, em breve. A aceitação dessa condição seria um golpe significativo nos planos de Putin, que busca desmilitarizar a Ucrânia — um dos principais objetivos declarados desde o início da guerra.
Esse novo rumo nas negociações indica que a administração Trump está buscando concessões não apenas do Kremlin, mas também da Ucrânia, em uma tentativa de pôr fim a um conflito que se arrasta há quatro anos. No entanto, críticos apontam que as propostas até o momento tendem a favorecer a Rússia, como a insistência de que a Ucrânia abandone suas aspirações de se juntar à OTAN.
Além disso, os EUA demandam que a Rússia devolva a usina nuclear de Zaporizhzhia, capturada no início da invasão em 2022. Essa instalação, segundo fontes, poderia ser administrada pelos EUA para gerar energia para ambas as partes, embora os detalhes ainda não estejam finalizados e estejam sujeitos a mudanças.
A administração Trump também procura garantir que a Ucrânia recupere o controle sobre o rio Dnieper e recupere as áreas ocupadas pela Rússia na região de Kharkiv. Por outro lado, Putin exige o reconhecimento das regiões de Luhansk, Zaporizhzhia, Donetsk e Kherson, mesmo sem tê-las totalmente conquistadas.
Mesmo com as negociações em andamento, os ataques a cidades ucranianas não cessam. Recentemente, a Rússia lançou uma ofensiva aérea sem precedentes este ano, atingindo Kiev e resultando em pelo menos 12 mortes.
Esta escalada forçou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a interromper uma visita à África do Sul. Antes de sua partida, ele enfatizou a impossibilidade de se discutir condições sem um cessar-fogo incondicional.
Na semana passada, em uma reunião em Paris, a equipe de Donald Trump apresentou uma proposta para encerrar a guerra, a qual incluía o reconhecimento do controle russo sobre a Crimeia, além de manter os outros territórios ocupados sob controle contínuo da Rússia, conforme reportado anteriormente pela Bloomberg News.
A Crimeia foi anexada pela Rússia em 2014, após uma invasão e um referendo em circunstâncias controversas, com a comunidade internacional resistindo a reconhecer essa anexação como legítima. Zelensky reiterou sua posição firme de não ceder território a Moscou.
Trump, no entanto, expressou em uma postagem recente que ninguém está pedindo a Zelensky que reconheça a Crimeia e criticou o líder ucraniano por supostamente dificultar as negociações de paz. Em uma publicação feita na quinta-feira, ele mencionou suas preocupações sobre o aumento dos ataques a Kiev.
“Não estou satisfeito com os ataques russos a Kiev. Desnecessários e em um momento muito ruim”, declarou Trump. Ele exclamou: “Vladimir, PARE! 5.000 soldados estão morrendo por semana. Vamos CONCLUIR o Acordo de Paz!”
“Creio que temos um acordo com a Rússia. Precisamos chegar a um consenso com Zelensky. Espero que seja mais fácil do que tem sido até agora”, comentou Trump em uma reunião no Salão Oval.
Os Estados Unidos deixam claro que qualquer acordo de paz requer garantias de segurança para a Ucrânia, essencial para garantir a sua eficácia, embora ainda não tenham detalhado como isso seria implementado. Eles também sugeriram a possibilidade de suspender as sanções contra Moscou caso um acordo seja alcançado.
O Reino Unido e a França estão liderando esforços para estabelecer uma “força de segurança” para a Ucrânia após a guerra, mas os EUA até agora não se comprometeram a apoiar essa iniciativa, nem a fornecer assistência militar a Kiev no futuro. Algumas fontes sugerem que pode haver a possibilidade de uma força de paz não europeia.
Trump e outros líderes americanos alertaram que se um acordo não for alcançado em breve, eles poderão desistir das negociações. “Se alguma das partes dificultar demais, vamos dizer apenas: ‘Vocês são tolos, e vamos ignorar isso‘”, disse Trump na semana passada. “Mas eu realmente espero que não chegaremos a este ponto.”

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