Uma nova era nas relações comerciais entre os Estados Unidos e o México pode estar se formando. Fontes indicam que os dois países estão à beira de um acordo para eliminar as tarifas de 50% que o ex-presidente Donald Trump impôs sobre as importações de aço, até um certo volume.
Este acordo revisita termos semelhantes estabelecidos durante o primeiro mandato de Trump e, embora o ex-presidente não esteja diretamente envolvido nas conversas, sua aprovação será necessária para qualquer avanço.
As negociações são lideradas por Howard Lutnick, Secretário de Comércio, e, segundo fontes anônimas, o acordo ainda não está finalizado. Nos termos propostos, compradores dos EUA poderiam importar aço mexicano sem tarifas, desde que os embarques fiquem abaixo de um volume predeterminado, baseado no histórico de troca entre os países. O novo limite de importação seria superior ao que foi estabelecido anteriormente.
Com a Casa Branca em silêncio sobre o assunto e o gabinete da presidente mexicana Claudia Sheinbaum igualmente ausente de comentários, o mercado já reagiu. As ações do setor de aço nos EUA caíram substancialmente após a divulgação das negociações, com Cleveland-Cliffs Inc. despencando mais de 7% e Nucor Corp. perdendo mais de 4%. Em contrapartida, o peso mexicano parece ter se estabilizado.
No dia anterior, o ministro da Economia do México, Marcelo Ebrard, informou que explicou aos EUA, durante reuniões recentes, que as tarifas sobre o aço são desnecessárias, visto que os EUA exportam mais aço para o México do que o inverso. Ebrard também compartilhou uma imagem da sua reunião com Lutnick, destacando a cordialidade nas discussões.
“Estamos ansiosos pela resposta dos EUA, já que apresentamos nossos argumentos e temos confiança na nossa posição”, declarou Ebrard a jornalistas na terça-feira. Essa expectativa é alta, considerando que a resposta pode vir ainda esta semana.
Na mesma linha, é importante notar que Trump, na semana passada, anunciou um aumento nas tarifas para 50% após aprovar a compra da United States Steel Corp. pela Nippon Steel da Japão. Essa decisão, segundo Trump, é uma medida para proteger a segurança nacional e a indústria de aço americana, embora usuários finais tenham pedido uma revisão partindo do governo.
Essas negociações não ocorrem em um vácuo, já que Sheinbaum também está tentando avançar em um acordo com Trump sobre questões de imigração e combate ao tráfico de drogas na fronteira, que ele exige que o governo mexicano resolva. Em uma recente acusação, a secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem, alegou que Sheinbaum estaria incentivando protestos contra deportações, o que foi veementemente negado pela presidente mexicana.
Além disso, as conversas acontecem em antecipação à cúpula do G7, marcada para o Canadá, onde os presidentes dos dois países possivelmente se encontrarão.
Os dados do Departamento de Comércio indicam que as importações de aço do México chegaram a cerca de 3,2 milhões de toneladas métricas no último ano, representando 12% do total de embarques de aço nos EUA. Um entendimento prévio entre os dois países, alcançado em 2019, estabeleceu medidas para limitar os volumes de importação a níveis médias de 2015 a 2017.

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