O Tesouro dos EUA anunciou uma prorrogação de 45 dias para três instituições financeiras mexicanas, após reconhecer os esforços do governo do México na luta contra a lavagem de dinheiro vinculada a cartéis de narcotráfico.
A partir do dia 4 de setembro, a proibição de transferências de fundos com as empresas identificadas, incluindo CIBanco SA, Intercam Banco SA e Vector Casa de Bolsa SA, entrará em vigor. Essa decisão foi comunicada oficialmente, destacando a determinação do Departamento do Tesouro em proteger o sistema financeiro americano.
“Continuaremos a agir contra abusos no nosso sistema financeiro e a combater organizações criminosas transnacionais”, afirmou Andrea Gacki, diretora da FinCEN, sublinhando a estreita colaboração entre os EUA e o México.
A identificação dessas instituições como possíveis envolvidas na lavagem de dinheiro provocou tumulto no México, ainda que o Tesouro tenha minimizado os possíveis impactos econômicos. Logo, empresas em ambos os lados da fronteira cortaram laços com os bancos envolvidos, causam incertezas em relação aos investimentos em private equity e fundos imobiliários que esses bancos administram.
Para mitigar consequências adversas, o governo mexicano está buscando medidas, incluindo uma exceção para fundos específicos enquanto demanda mais esclarecimentos sobre a proibição. O Ministério das Finanças, preocupado com incertezas sobre quais transações seriam impedidas, insistiu por um debate mais claro sobre o assunto.
O regulador bancário mexicano atuou rapidamente após o anúncio das sanções, e o Ministério das Finanças revelou que os negócios fiduciários do CIBanco e do Intercam seriam temporariamente transferidos para bancos locais. Essa ação visa garantir a continuidade dos serviços financeiros enquanto se planeja uma reestruturação futura.
Desafiando as acusações, as empresas negaram qualquer envolvimento em práticas ilícitas. A presidente do México, Claudia Sheinbaum, enfatizou que os EUA não apresentaram provas concretas de lavagem de dinheiro. Essa é a primeira vez que a FinCEN recorreu à Lei FEND Off Fentanyl, uma legislação de combate à corrupção recém-aprovada.
O novo prazo concedido ao México é uma demonstração do compromisso do país em enfrentar riscos financeiros. O Tesouro destacado que futuras extensões das sanções dependerão da cooperação contínua do governo mexicano.
Recentemente, a Fitch Ratings avaliou que a pequena participação de mercado dessas instituições e a resposta regulatória rápida contribuíram para limitar o impacto negativo no setor financeiro. No entanto, ainda existem riscos significativos de lavagem de dinheiro que podem ameaçar a confiança no mercado mexicano.
“Se não forem controlados, esses riscos podem comprometer a confiança geral no sistema financeiro e afetar os fluxos de capital transfronteiriços”, alertaram analistas da Fitch.
Durante uma coletiva, Sheinbaum salientou que o Ministério das Finanças está agindo com responsabilidade para evitar o que a Fitch mencionou como contágio econômico. O ministério está administrando os ativos fiduciários de maneira cuidadosa, embora reconheçam que o processo é complexo e demorado.
A dinâmica dos bancos como fiduciários para emissões financeiras no México gerou preocupações adicionais. Nos últimos anos, bilhões de dólares em títulos imobiliários e de private equity foram negociados, com o CIBanco sendo um membro central desses negócios. Agora, mesmo fundos imobiliários mexicanos já começaram a buscar alternativas ao CIBanco para gerirem suas operações fiduciárias.
“As consequências das medidas se revelaram mais amplas do que o inicialmente imaginado”, concluiu Mauricio Basila, um advogado e ex-regulador bancário no México.

You must be logged in to post a comment Login