Ainda sob os efeitos da volatilidade nos mercados financeiros, um fenômeno impressionante está acontecendo no setor de ETFs (fundos de índice). Apenas no primeiro trimestre de 2025, surgiram mais de 230 novos ETFs nos Estados Unidos — um recorde absoluto para esse período, conforme os dados da Bloomberg que datam de 2015. Em comparação, no mesmo intervalo de 2024, foram apenas 174 lançamentos, apesar do ano ter encerrado com mais de 700 produtos no total e uma captação superior a US$ 1 trilhão.
Gestoras de ativos e casas de análise estão aproveitando essa oportunidade de ouro, vendo um crescente fluxo de capital tanto de investidores institucionais quanto de pessoais — um cenário que coloca os ETFs em uma posição de destaque em relação aos tradicionais fundos mútuos. Caso a tendência atual, com uma média mensal de mais de 75 novos ETFs, se mantenha, os números podem ultrapassar 900 em 2025. Alguns especialistas não descartam a possibilidade de atingirmos a impressionante marca de 1.000 lançamentos.
Amrita Nandakumar, presidente da Vident Asset Management, uma consultoria renomada no segmento de ETFs, alavanca uma visão clara: o crescimento é claramente impulsionado pela adoção dos ETFs por assessores financeiros, que estão investindo com convicção. “Assessores e investidores estão votando com seu dinheiro: o ETF se tornou o veículo de investimento preferido”, ressaltou.
Athanasios Psarofagis, da Bloomberg Intelligence, também destaca que é realista prever que o setor alcance 1.000 lançamentos em 2025, uma vez que os emissores estão acompanhando o fluxo de capital.
Dos 233 novos ETFs que surgiram neste ano, mais de 200 pertencem ao segmento de gestão ativa, que está se expandindo rapidamente, com ativos que já ultrapassaram a marca de US$ 1 trilhão. Os fundos ativos já captaram US$ 116 bilhões neste ano, em comparação a US$ 179 bilhões dos fundos passivos, que ainda dominam o mercado.
Essa tendência pode se intensificar se a SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) aprovar uma mudança aguardada que permitirá a criação de classes de cotas de ETFs para fundos mútuos já existentes, embora a data dessa aprovação permaneça incerta.
De acordo com Psarofagis, os novos produtos estão “mais focados na negociação”, um aspecto que se revela vantajoso em um ambiente de mercado incerto. Muitos desses novos ETFs utilizam derivativos ou oferecem alavancagem em ações específicas — uma estratégia que pode potencializar os ganhos, mas que também representa riscos significativos, especialmente para investidores menos experientes. Um emissor chegou a solicitar o lançamento de mais de 70 ETFs alavancados e inversos em um único pedido!
Entre os lançamentos mais recentes, estão ETFs que buscam dobrar a performance diária de ações da IonQ Inc. e produtos com alavancagem em empresas como Reddit e Hims & Hers Health. Também aparecem ETFs temáticos da Islândia e outros focados em criptoativos, incluindo os primeiros ETFs que rastreiam contratos futuros de Solana (SOL).
Contudo, veteranos do setor fazem um alerta: muitos ETFs falham em atrair investimento suficiente para permanecerem ativos. Somente em 2025, 40 fundos foram encerrados, segundo dados da Bloomberg.
“Estamos testemunhando uma verdadeira explosão de produtos sendo lançados em um mercado que nem sempre reflete a demanda real; há a impressão de que todos os ETFs serão bem-sucedidos”, afirma Joe Grogan, chefe de distribuição nas Américas da WisdomTree, durante a conferência Exchange ETF, ocorrida em Las Vegas. “Lançar um fundo hoje em dia é uma tarefa extremamente desafiadora. Não só pelas regulamentações, mas também pela dificuldade imensa em convencer investidores a apostar em novos produtos.”

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