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ETF Argentino atinge recorde histórico; Milei ganha confiança dos investidores
Aposta no governo Milei cresce com ETF argentino atraindo bilhões, mostrando confiança nas reformas fiscais.
Um fundo de índice (ETF) que acompanha ações argentinas obteve uma captação histórica, enquanto Wall Street deposita suas esperanças nos esforços do presidente Javier Milei para controlar a inflação e reverter anos de déficits orçamentários estruturalmente enraizados.
O Global X MSCI Argentina ETF (ARGT) recebeu impressionantes US$ 144 milhões em aportes na semana que se encerrou em 22 de novembro, dos quais US$ 88 milhões foram apenas na sexta-feira, conforme dados da Bloomberg. O fundo, que serve como um veículo para investidores apostarem no mercado acionário de um país que enfrenta controles de capitais complicados, viu seus ativos saltarem de US$ 104 milhões, na posse de Milei, para cerca de US$ 750 milhões nesta segunda-feira.
“Milei não apenas fala, mas também age”, afirma Malcolm Dorson, gestor sênior de portfólio na Global X Management, responsável pelo ARGT. “Ele conquistou um superávit fiscal, a inflação está em queda e a economia começa a se recuperar.”
Esses novos investimentos surgem em um momento otimista para a segunda maior economia da América do Sul, com a inflação mensal caindo para 2,7% em outubro, reais aumentos salariais e aproximadamente US$ 20 bilhões entrando no país como resultado de um programa de anistia fiscal. Para que essa fase positiva persista, analistas alertam que Milei deve eliminar os controles de capital sem provocar um frenesi nos preços ao consumidor ou desvalorizações drásticas do peso.
“As notícias da Argentina têm sido impressionantes, com a inflação em queda acentuada. O próximo desafio será desvincular os controles de capital”, adverte Greg Lesko, diretor-gerente da Deltec Asset Management LLC em Nova York. “Se conseguirem desmantelar esses controles sem grandes saídas de recursos, isso sinalizará uma enorme confiança no programa.”
Na sexta-feira, o ministro da Economia, Luis Caputo, afirmou que o governo planeja eliminar os controles cambiais e de capital, conhecidos localmente como “cepo”, até 2025. Embora Caputo não tenha fornecido um cronograma detalhado, ele mencionou que o país diminuirá gradualmente a desvalorização do peso, caso a inflação permaneça nas taxas atuais ou apresente uma desaceleração adicional.
Manter as regras atuais pode, segundo especialistas, prolongar a recessão econômica e dificultar negociações com o FMI para um programa de novos recursos, além de complicar a atração de dólares e frustrar os planos governamentais de retorno ao mercado de capitais até 2025.
Uma recuperação duradoura?
Contudo, persiste a incerteza se a recuperação inicial de Milei não será mais uma ilusão passageira na história econômica argentina. Recursos financeiros já fluiram ao país em um momento anterior de políticas voltadas ao mercado, mas rapidamente se esvairam quando o ex-presidente Mauricio Macri foi derrotado pelo partido peronista em 2019.
É importante notar que as entradas no fundo não são impulsionadas unicamente pelo otimismo nacional. A MercadoLibre, uma gigante argentina que compõe 17% do portfólio do ARGT, gera a maior parte de sua receita no exterior, e a recente desvalorização do peso sob Milei teve um impacto negativo nas vendas domésticas no primeiro semestre.
Em uma perspectiva mais ampla, o Morgan Stanley recentemente reafirmou sua recomendação “overweight” (acima da média) para a bolsa argentina, ressaltando que as políticas fiscais e de desregulamentação têm superado as expectativas do mercado.
“A Argentina pode se tornar um exemplo de alerta para a região andina, sendo monitorada atentamente”, escrevem os estrategistas do Morgan Stanley, incluindo Nikolaj Lippmann, em nota de 17 de novembro. “Os formuladores de políticas argentinas fizeram progressos extraordinários em 2024, com um ajuste fiscal e esforços de desregulamentação que superaram as expectativas.”
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