Em 2025, os Estados Unidos testemunharam um aumento chocante de casos de sarampo, atingindo um recorde não visto em três décadas.
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) reportaram na última quarta-feira um total de 1.288 infecções confirmadas, o maior número desde 1992, superando até mesmo o total alarmante de 2019. Este surto, que já afetou mais de dois terços dos estados norte-americanos, inclui 27 surtos definidos como três ou mais casos relacionados.
Infelizmente, três pessoas perderam a vida devido ao sarampo desde o início deste surto em janeiro, dentre elas, duas crianças não vacinadas no Texas. Dados recentes mostram que a maioria das infecções ocorre entre indivíduos que não foram vacinados.
Nos últimos anos, a administração anterior sob Trump enfraqueceu o apoio vital à imunização, o que contribuiu para esta crise. Robert F. Kennedy Jr., uma figura proeminente na saúde pública, fez alegações infundadas ligando a vacina do sarampo ao autismo, exacerbando ainda mais a desconfiança nas vacinas.
No último mês, Kennedy reformulou o Comitê Consultivo de Práticas de Imunização do CDC, afastando membros que defendiam a vacinação e trazendo críticos das vacinas para seu lugar. Como resultado, uma nova subcomissão foi criada para revisar os calendários de vacinação que incluem a vacina contra o sarampo.
Especialistas em saúde pública estão alarmados com o aumento das infecções. Em 2000, os EUA declararam o sarampo eliminado após um ano sem a transmissão contínua do vírus. Entretanto, a situação atual pode reverter essa conquista, conforme alerta a Associação Médica Americana.
Conhecido por sua alta contagiosidade, o sarampo requer uma taxa de vacinação de ao menos 95% dentro da comunidade para parar sua propagação. A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, prova ser 97% eficaz após duas doses.
A atual queda nas taxas de vacinação infantil é alarmante, com dados do CDC indicando que apenas 93% das crianças do jardim de infância estão vacinadas para o ano letivo de 2023-2024, uma queda significativa em relação aos 95% de 2019-2020.
Historicamente, a maioria dos casos de sarampo nos EUA foi vinculada a viajantes que foram expostos ao vírus no exterior. Com isso em mente, o CDC emitiu um alerta em maio, recomendando que todos os viajantes internacionais estejam totalmente vacinados antes de suas viagens.
Se a tendência atual de vacinação não mudar, o país poderá enfrentar mais de 50 milhões de casos de sarampo nos próximos 25 anos, conforme um estudo publicado no Journal of the American Medical Association.
O surto de sarampo de 2019 teve seu epicentro em comunidades judaicas ortodoxas em Nova York, onde grupos antivacinação espalharam desinformação, alegando falsamente que as vacinas causam autismo.
O aumento recente de casos em 2025 foi inicialmente impulsionado por um surto nas comunidades menonitas do Texas, que frequentemente solicitam isenções religiosas das exigências de vacinação escolar.
Atualmente, o Texas não registrou novos casos de sarampo. O número total de infecções no estado chega a 753 desde o início do surto em janeiro. O condado de Gaines, que foi o epicentro do surto, não é mais designado como área de surto, segundo os relatórios estaduais, e as infecções estão diminuindo com o aumento das vacinações. Casos também foram detectados no Novo México, Oklahoma e Kansas, diretamente relacionados ao surto do Texas.

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