A curva de rendimento dos Títulos do Tesouro americano pode sofrer uma inclinação acentuada, se Donald Trump conseguir emplacar uma indicação fundamental para o Federal Reserve, de acordo com análises de estrategistas do JPMorgan Chase.
O spread entre os rendimentos dos títulos de 5 e 30 anos viu um aumento significativo na última quinta-feira, após a escolha de Stephen Miran, atualmente presidente do Conselho de Assessores Econômicos, para uma das diretorias do Fed. Vale ressaltar que essa indicação ainda depende da aprovação do Senado. Essa informação surgiu após rumores de que Christopher Waller era o favorito para suceder Jerome Powell como presidente do Fed.
Analistas do JPMorgan, liderados por Jay Barry, comentaram: “Miran defende que as políticas de comércio, imigração e desregulamentação promovidas pelo governo Trump são consistentemente desinflacionárias. Isso, por sua vez, pode sustentar uma política mais dovish do Fed e, assim, apoiar a inclinação (steepening) observada na tarde de quinta-feira.”
Na sexta-feira, os rendimentos dos títulos de 30 anos se mantiveram estáveis em 4,82%.
O spread está ligeiramente acima de 100 pontos-base, mais que o dobro do que foi registrado no dia da posse de Trump. Investidores agora buscam um prêmio adicional para compensar a incerteza criada pelo anúncio das tarifas do “Dia da Libertação” em abril e pelo aumento dos gastos fiscais resultantes de um pacote de despesas aprovado recentemente.
Miran é coautor de um artigo, publicado em março do ano passado, que propõe reformas no Federal Reserve visando resultados econômicos mais efetivos.
Frederik Romedahl, estrategista-chefe do Danske Bank, afirma que, apesar de a indicação de Miran trazer um pouco de incerteza, isso não será uma questão central para a curva de juros. Ele argumenta que fatores como déficit fiscal, estratégias de emissão de títulos e as perspectivas de curto prazo para o Fed terão um impacto muito mais significativo.
Os mercados futuros de juros têm elevado as expectativas em cortes de taxas após a divulgação de dados de emprego insatisfatórios na semana passada. Atualmente, os contratos de swaps atribuem 95% de probabilidade a um corte de 25 pontos-base em setembro, já antecipando ao menos mais uma redução até o fim do ano. Operadores estão atentos à divulgação, na próxima semana, do índice de inflação referente a julho, que projeta uma desaceleração para 0,2%, comparado aos 0,3% de junho, conforme pesquisa da Bloomberg com economistas.
O economista Michael Feroli, do JPMorgan, adiantou sua previsão para o próximo corte de juros de um quarto de ponto para setembro, após a indicação de Miran, mantendo a expectativa de mais três cortes nas três reuniões subsequentes do Fed.
©️2025 Bloomberg L.P.

You must be logged in to post a comment Login