Na mais audaciosa ação de combate até agora, drones ucranianos atingiram aeródromos estratégicos russos, incluindo uma base militar localizada no leste da Sibéria. Este ataque ocorre em meio a um dos mais prolongados bombardeios com mísseis e drones contra Kyiv, o que aumenta as tensões antes das cruciais negociações de paz que se aproximam.
De acordo com fontes do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU), mais de 40 aeronaves, incluindo os bombardeiros de longo alcance Tu-95 e Tu-22 M3 — ambos com capacidade para carregar armamentos nucleares — e a aeronave de alerta A-50, teriam sofrido danos significativos durante a operação de domingo, liderada pelo chefe do SBU, Vasyl Malyuk. As perdas são estimadas em cerca de impressionantes US$ 2 bilhões.
Os drones foram lançados a partir de casas móveis de madeira adaptadas em caminhões dentro do território russo, conforme relatado pelas autoridades ucranianas.
O Ministério da Defesa da Rússia confirmou por meio de um comunicado no Telegram os ataques em cinco bases aéreas militares, abrangendo desde o Extremo Oriente até regiões adjacentes a Moscou. No entanto, alegações russas afirmam que apenas “algumas unidades aéreas” em duas bases, situadas nas regiões de Murmansk e Irkutsk, foram danificadas.
O ministério russo também informou que os ataques “foram repelidos em regiões de Ivanovo, Ryazan e Amur”. A Bloomberg, um respeitado veículo de notícias, não conseguiu verificar independentemente as alegações de ambos os lados, evidenciando a complexidade da situação atual.
Em um comportamento reativo, mais cedo no domingo, a Ucrânia enfrentou uma das mais longas ofensivas com mísseis e drones russos. As sirenes de alerta ecoaram por mais de nove horas, resultando em tragédia com ao menos 12 mortes em um ataque a um centro de treinamento militar. Este episódio levou o comandante das Forças Terrestres da Ucrânia, Mykhaylo Drapatyi, a renunciar em face das perdas.
Esses incidentes coincidem com a preparação de Moscou e Kyiv para enviar delegações à Turquia para a segunda rodada de negociações de paz, marcada para esta segunda-feira. A rodada inaugural, realizada em 16 de maio — a primeira em mais de três anos — concluiu com um acordo de troca de prisioneiros e discussões sobre um possível cessar-fogo. Até o momento, a Rússia não indicou como os ataques poderiam impactar as negociações.
Confirmando a continuidade do diálogo, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy anunciou que o ministro da Defesa, Rustem Umerov, liderará a delegação a Istambul para tratar de temas como um cessar-fogo absoluto e incondicional, bem como a libertação de prisioneiros e o retorno de crianças sequestradas durante o conflito.
Além disso, as delegações discutirão a viabilidade de um encontro de alto nível, sendo que algumas questões cruciais dependem da resolução pelos próprios líderes, conforme acrescentou Zelenskiy.
Em um capítulo separado, a principal autoridade investigativa da Rússia iniciou investigações criminais após a explosão de duas pontes nas regiões fronteiriças com a Ucrânia. As explosões causaram descarrilamentos de trens, resultando em pelo menos sete mortes e múltiplos feridos.
A porta-voz do Comitê de Investigação da Rússia, Svetlana Petrenko, categorizou os incidentes como “ataques terroristas”, em declarações divulgadas pelo canal estatal Rossiya 24.
Uma das explosões ocorreu em Bryansk, atingindo um trem de passageiros a caminho de Moscou, pouco antes da meia-noite de sábado, de acordo com o governador regional, Alexander Bogomaz. O número de feridos já ultrapassa 70.
Algumas horas depois, um incidente similar foi registrado em Kursk, onde uma ponte ferroviária desabou sob um trem de carga, conforme informou o governador Alexander Khinshtein. A tripulação da locomotiva precisou de atendimento hospitalar.
Ainda não há confirmação se os dois eventos estão interligados.
O governo russo, incluindo o primeiro-ministro Mikhail Mishustin, foi comunicado sobre os incidentes, segundo a agência estatal Tass, que citou o ministro dos Transportes, Roman Starovoit.
A Ucrânia permanece em silêncio oficial sobre os ataques às pontes, mas Andriy Kovalenko, chefe do Centro Ucraniano de Combate à Propaganda, sugeriu que o Kremlin poderia estar “preparando o terreno para sabotar as negociações”, mencionando que não é a primeira vez que a Rússia utiliza “ataques de falsa bandeira” para justificar ações.
“A Ucrânia não tem interesse em boicotar a cúpula em Istambul. Na verdade, a Ucrânia estava pronta para um cessar-fogo há muito tempo”, afirmou Kovalenko em uma postagem no Telegram, reforçando a posição do país.
Em outra frente, o Serviço de Inteligência Militar da Ucrânia comunicou a explosão de um trem militar na região de Zaporizhzhia, parcialmente sob ocupação russa, mas não detalhou as circunstâncias do incidente. Isso resultou na interrupção da logística entre a região e a península da Crimeia, que foi anexada pela Rússia em 2014.

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