Os mercados financeiros acordaram para uma nova realidade na segunda-feira (3), enfrentando as consequências diretas da guerra comercial iniciada pelos EUA. Após semanas de tensão, a abertura do dia trouxe um ambiente repleto de aversão ao risco.
Investidores estão se refugindo no dólar americano nas negociações asiáticas e evitando ações após o presidente Donald Trump cumprir sua promessa de tarifas, que incidem em 25% sobre produtos do Canadá e México, e 10% sobre a China. A retaliação de outros governos é uma certeza no horizonte.
Ao final do dia, os mercados asiáticos e o pré-mercado americano indicavam uma queda significativa nas ações globais. O índice Nikkei, por exemplo, despencou 2,66% em Tóquio, enquanto o Kospi sul-coreano caiu 2,52%. Taiwan sentiu uma queda de 3,53% no Taiex, voltando de uma semana de feriados.
Na Europa, a situação não era diferente, com as bolsas experimentando retrações próximas a 2%. Londres observou uma queda de 1,31%, Paris despencou 1,77% e Frankfurt cedeu 1,87%. O pré-mercado de Wall Street também registrava perdas significativas: Dow Jones 1,45%, S&P500 1,71% e Nasdaq Futuro 1,96%.
No mercado de câmbio, o euro caiu 1,20% em comparação ao dólar, enquanto a libra se depreciou a US$ 1,2306 (-0,67%). O dólar americano ganhou força contra a maioria das moedas, com o dólar canadense atingindo um mínimo histórico desde 2003 e o peso mexicano despencando mais de 2%.
As tarifas prometem acirrar as tensões comerciais que já beneficiaram o dólar desde a eleição de Trump. O índice Bloomberg Dollar Spot viu uma alta de quase 1% na semana passada. No entanto, ações de montadoras e empresas vinculadas à China estão à beira de grandes quedas.
Os especialistas apontam que as pressões inflacionárias decorrentes das tarifas manterão o dólar forte, enquanto o risco para economias estrangeiras aumenta. Stephen Jen, da Eurizon SLJ Capital, enfatiza que outros países se sentirão obrigados a retaliar, o que reforçará a força do dólar.
“A situação é como navegar em águas turbulentas”, afirmou Tifo Rouane, da Conyers Trust. A volatilidade é a nova norma, com tendências de recuperação econômica divergentes e um cenário geopolítico complexo.
Volatilidade no Mercado de Ações
Os investidores estão atentos a oscilações extremas em ações relacionadas às tarifas. A UBS já reportou que uma cesta de ações em risco caiu quase 4% após a proposta de tarifas. Empresas automotivas, como General Motors e Tesla, podem esperar movimentos adversos significativos.
O Nasdaq Golden Dragon China Index, composto por empresas com negócios na China, viu uma queda de 3,5%. Prashant Newnaha, da TD Securities, alerta: “Tarifas mais altas e retaliações estão a caminho”.
Dentro do quadro financeiro, mesmo com um aumento nos títulos do Tesouro devido a dados de inflação mais fracos, a pressão inflacionária das tarifas poderá causar instabilidade nos mercados a curto prazo.
Em meio a tudo isso, a previsão para o dólar permanece otimista, apoiada por uma base sólida de compras. Contudo, a volatilidade promete ser intensa nas próximas semanas, à medida que o mercado se ajusta a essas novas realidades econômicas.

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