Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, deixou claro que o banco irá cortar gastos desnecessários em sua abordagem à diversidade, chamando algumas iniciativas de desperdício. Apesar dos cortes, enfatizou o compromisso inabalável do banco com as comunidades negras, hispânicas e LGBTQ.
Dimon, conhecido por sua franqueza, abordou o assunto durante uma reunião interna em Columbus, Ohio, onde respondeu a inquietações dos funcionários sobre os programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) do JPMorgan. Ele explicou que a decisão de cancelar algumas iniciativas não está relacionada à pressão do novo governo de Trump, mas sim à necessidade de eliminar custos excessivos.
“Muitas empresas adotaram práticas que eu jamais apoiaria”, declarou. O próprio JPMorgan, reconheceu Dimon, pode ter optado por iniciativas que acabaram se tornando “excessivas” e resultando em desperdício de recursos. Ele também se mostrou cético em relação ao treinamento sobre vieses inconscientes, uma prática adotada por muitas corporações.
Dimon ressaltou que, apesar das mudanças planejadas, a estratégia do banco em relação às comunidades negras, hispânicas e LGBTQ permanece firme, com a intenção de “elevar a sociedade a novos patamares”. Mesmo assim, ele fez críticas aos gastos relacionados a certas políticas de diversidade, sem entrar em detalhes específicos.
“Eu vi como estávamos desperdiçando dinheiro em algumas dessas iniciativas absurdas, e isso realmente me incomodou”, disse Dimon, segundo uma gravação da reunião obtida pela Bloomberg News. “É hora de cancelar esses projetos. Não vou permitir desperdício em burocracia.”
Um porta-voz do JPMorgan optou por não comentar as declarações do CEO.
Pressão sobre iniciativas de diversidade
Nos últimos anos, os programas de diversidade têm se tornado um tema controverso nos Estados Unidos, especialmente após a ordem do presidente Donald Trump para que sua administração pressionasse as empresas a abandoná-los. Corporações de renome, como Accenture Plc e Goldman Sachs Group Inc., já reverteram algumas de suas promessas de compromisso com a diversidade.
Dimon afirmou claramente que as alterações no JPMorgan não estão atreladas ao retorno de Trump ao poder.
Sobre sua presidência de quase duas décadas, o JPMorgan reportou um recorde histórico de lucro anual, elevando o salário de Dimon para US$ 39 milhões em 2024.
Questões sobre o retorno ao escritório
O JPMorgan possui mais de 300 mil funcionários ao redor do mundo e recentemente comunicou a muitos deles que a volta ao trabalho presencial será cinco dias por semana, em vez de três. Essa diretriz expande uma regra introduzida em abril de 2023 que já exigia a presença diária dos principais executivos. Cerca de 60% da força de trabalho já estava sujeita a essa exigência.
Um grupo de funcionários lançou uma petição online em protesto à nova política, que, até quinta-feira, já contava com mais de 1.200 assinaturas.
“Não me importo com quantas pessoas assinam essa petição”, afirmou Dimon durante a reunião interna. Sua insistência no trabalho presencial havia sido previamente reportada pela Reuters.
Dimon argumentou que a queda na eficiência e na criatividade são motivos relevantes para justificar essa exigência de retorno ao escritório, afirmando que não deixaria aos gerentes a decisão sobre as regras de suas equipes. “Não há a menor chance de eu delegar isso aos gerentes. Chance zero. O abuso foi extraordinário”, enfatizou.
Ele também destacou que os funcionários mais jovens estão sendo afetados negativamente pelos modelos de trabalho híbrido e remoto. “A nova geração está enfrentando dificuldades por causa disso”, afirmou.
“Reconhecemos que poderá haver alguma flexibilidade, mas eu vou monitorar de perto os gerentes”, acrescentou. “Nossos gestores precisam melhorar a sua gestão.”

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