A cúpula climática da ONU, a COP30, ocorrerá em novembro no coração da Amazônia, reunindo líderes globais e cerca de 50 mil participantes. No entanto, o evento ameaça se transformar em um verdadeiro caos logístico.
Faltando menos de 100 dias para o evento, o Brasil enfrenta críticas severas de países preocupados com a falta de acomodações e preços exorbitantes em Belém. A cidade foi escolhida pela proximidade com a floresta, mas não por sua capacidade turística. A secretaria brasileira da COP30 adiou uma reunião crucial sobre hospedagem e não anunciou uma nova data.
Uma carta de 19 páginas, revisada pela Bloomberg News, afirma que não haverá mudança na sede do evento, reiterando que Belém possui leitos suficientes para os participantes. Contudo, a realidade é diferente: quase metade das 48 perguntas feitas por delegações nacionais tratavam do alto custo e da escassez de acomodações.
Ainda em agosto, os organizadores alegaram ter mapeado 53 mil leitos, mas os preços dispararam. Reservar um apartamento que custaria 1,4 milhão de reais para os 11 dias da COP30 é simplesmente inaceitável para a maioria das delegações. Em comparação, um quarto de luxo no Rio de Janeiro custa bem menos.
O risco é claro: os altos preços podem excluir nações com menos recursos. Pacotes especiais foram prometidos, mas ainda assim, o governo admite que a situação é preocupante. “O Brasil é uma democracia com economia de mercado”, disseram os organizadores, mas isso não mitiga as dificuldades enfrentadas por países em desenvolvimento.
Claudio Angelo, do Observatório do Clima, destacou que uma crise logística como essa é a antítese de uma cúpula inclusiva. A insatisfação das delegações cresce à medida que as negociações sobre a agenda avançam com dificuldade, colocando em risco a visão original de incluir uma gama diversificada de vozes, especialmente comunidades indígenas.
O governo brasileiro tenta solucionar a questão, reconhecendo a seriedade da situação. Dois navios de cruzeiro destinados a abrigar cerca de 3.000 hóspedes cada um foram anunciados, mas a pergunta que fica é: será que isso será suficiente para evitar o isolamento dos participantes?
Lula, que insistiu na escolha de Belém, tem um objetivo claro: mostrar ao mundo a realidade da Amazônia. Mesmo diante das críticas, ele defende a realização da COP30 na cidade que, segundo ele, reflete o verdadeiro estado do ecossistema.
Além disso, a programação da COP30 foi dividida para ajudar com a logística. Uma cúpula de líderes ocorrerá antes das negociações principais, que começam em 5 de novembro. Isso ajudará a aliviar a pressão por acomodações para os chefes de Estado.
O capítulo do Pará da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis já prioriza as delegações da COP, mas as críticas não cessam. Os preços em Belém aumentaram em média três a quatro vezes, e os representantes da indústria alertam que a impressão negativa sobre a cidade está exacerbando a situação. “As pessoas não compreendem que a COP precisa ser na Amazônia para que a mensagem sobre o clima seja autêntica”, afirmou um porta-voz da associação.

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