O advento do revolucionário modelo de inteligência artificial (IA) chinês, conhecido como DeepSeek, está causando frisson entre investidores, levantando a bandeira vermelha sobre as exorbitantes avaliações das ações de tecnologia nos EUA.
A recente queda de mais de 10% nas ações de gigantes como Nvidia e ASML é um sinal claro: muitos operadores preferem realizar lucros do que arriscar ao esperar para avaliar os repercussões do emergente modelo chinês. Enquanto alguns, como Fares Hendi, da gestora europeia Prevoir AM, optam por manter suas ações da Nvidia, frustrando a pressão para vender, aguardam ansiosamente por informações adicionais sobre as capacidades tecnológicas da DeepSeek.
“Se realmente precisarem de menos chips para fazer o modelo funcionar, então sim, a ameaça é real e pode impactar diretamente o crescimento e as valuations”, afirmou Hendi com franqueza. “Por ora, vamos aprofundar nossa análise antes de tomar decisões precipitadas.”
O índice Nasdaq 100, atualmente, opera com um múltiplo de 27 vezes o lucro projetado nos próximos 12 meses, quase 25% superior à sua média de 10 anos. Em comparação, a Nvidia, a ponta de lança em tecnologia de IA, ostenta um múltiplo de 32 vezes.
A euforia em torno da IA impulsionou uma valorização incrível das ações nos EUA nos últimos dois anos. Entretanto, incertezas quanto à dominância dos EUA em IA, somadas a dúvidas sobre juros e políticas de Donald Trump, estão gerando um nevoeiro no horizonte das ações americanas. As atenções estão voltadas para os resultados de gigantes como Microsoft e Apple nesta semana, na esperança de restaurar a confiança no que é chamado de “Magnificent Seven”.
Veja como o mercado está reagindo à queda nas ações ligadas à IA:
- Paul Nolte, estrategista de mercado da Murphy & Sylvest Wealth Management:
“Não sabemos se este é o ‘momento Sputnik’ para as ações, mas sem dúvida serve como um alerta de que não somos os únicos competindo neste jogo. Isso faz com que os investidores repensem as avaliações inflacionadas das empresas de IA.” - Chris Murphy, estrategista na Susquehanna International Group:
“Tudo que envolve IA nos EUA estava supervalorizado, enquanto as ações tecnológicas da China apresentavam subvalorização. Vamos analisar como o mercado de opções responderá a essa dissonância.” - Mark Malek, diretor de investimentos da Siebert:
“Se você ainda acredita no potencial da IA, as notícias vindas da China podem ser vistas como uma oportunidade de compra, embora haja riscos e necessidade de ajustes de preço.” - Dennis Debusschere, presidente da 22V Research:
“Estamos em um ponto em que poderemos observar um ciclo de retroalimentação negativa, marcado pela desaceleração nos investimentos em IA e um crescimento econômico mais lento nos EUA. Entretanto, é prematuro prever um colapso total nos investimentos.” - Rob Almeida, estrategista na MFS Investment Management:
“Neste momento, o retorno sobre investimento (ROI) em IA ainda é modesto, e é inevitável que haja uma redução na demanda por chips.” - Florian Ielpo, gestor na Lombard Odier Investment Managers:
“Modelos de IA fora dos EUA, especialmente na China, podem representar um valor significativo, visto que as avaliações estão bastante abaixo das americanas.” - Karen Kharmandarian, gestora na Thematics AM:
“Acreditamos que há uma reação exagerada. Existem inúmeras questões a serem esclarecidas sobre a DeepSeek antes que decisões radicais sejam tomadas.” - Ben Uglow, analista na Oxcap Analytics:
“Startups menores tendem a adotar o modelo da DeepSeek, que é gratuito e de código aberto, o que representa um desafio aos altos custos dos modelos vigentes.”
O impacto do DeepSeek sobre o setor tecnológico e o mercado financeiro global será observado atentamente nas próximas semanas.

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