O renomado investidor Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates, lançou um alerta contundente durante uma reunião com parlamentares republicanos dos EUA. Ele enfatizou a urgência de controlar o crescimento dos déficits orçamentários, sugerindo que o déficit deve ser reduzido a apenas 3% do PIB (Produto Interno Bruto). Caso contrário, os custos do serviço da dívida poderão comprometer os gastos governamentais.
A advertência de Dalio surge em um momento crítico, enquanto os republicanos da Câmara e do Senado negociam sobre o volume de cortes a serem realizados, em contrapartida a um maciço corte de impostos previsto para o final do ano. Para contextualizar, o déficit orçamentário dos EUA foi de 6,6% do PIB em 2024, conforme informações do Congressional Budget Office.
Após a reunião, Dalio comentou: “Houve um bom entendimento das escolhas e das possibilidades de administrar essa situação terrível ao longo do tempo. Estou ansioso para manter contato sobre essas questões e ter discussões semelhantes com outras pessoas para que haja avaliações realistas das questões e o que pode ser feito para lidar com elas”.
Atualmente, a Câmara está lançando um projeto com propostas para um corte de impostos da ordem de US$ 4,5 trilhões, juntamente com cortes de gastos de US$ 2 trilhões ao longo da próxima década. Essa junção de medidas poderia elevar ainda mais o déficit federal. Por outro lado, os republicanos do Senado desejam adotar um estratagema orçamentário que permita cortes adicionais de impostos, sem exigir esforços equivalentes em termos de cortes de gastos.
Os líderes do Congresso, tanto da Câmara quanto do Senado, terão um encontro com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, para sanar suas divergências. Após a reunião de Dalio, o presidente do orçamento da Câmara, Jodey Arrington, expressou sua determinação em impedir quaisquer propostas de impostos que não estejam atreladas a cortes adequados nos gastos, afirmando que tais planos estariam fadados ao fracasso na Câmara. Contudo, Arrington admitiu que o próprio projeto orçamentário da Câmara não alcança a meta de 3% do PIB preconizada por Dalio.
“Isso não é algo que se realiza em um projeto de lei”, declarou. “Precisamos começar a exercitar os músculos do corte de gastos”.
O congressista David Schweikert, da Arizona, aludiu à mensagem de Dalio como um chamado para que o Congresso implemente cortes de gastos que suportem a permanência dos cortes de impostos estabelecidos em 2017 pelo então presidente Donald Trump, além de qualquer nova proposta de alívio fiscal.
Dalio, há tempos, traz à tona a preocupação de que o crescente fardo da dívida dos EUA representa uma ameaça à estabilidade financeira do país, um tema que também é abordado em seu próximo livro, How Countries Go Broke: The Big Cycle.
Subestimando a gravidade da situação, Dalio afirmou: “Estamos em um momento precário no que chamo de Big Cycle, onde há uma confluência de grandes forças atuando de forma semelhante ao que ocorreu ao longo da história”.
Ray Dalio, agora com 75 anos, saiu do cargo de co-CEO da Bridgewater em 2017 e se aposentou do fundo de hedge em 2022, acumulando um patrimônio líquido impressionante de mais de US$ 16 bilhões, posicionando-se como o 132º no Bloomberg Billionaires Index.

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