Em meio ao calor intenso do Rio de Janeiro, Lucas Silva Ferreira decidiu que era hora de investir em um novo ar-condicionado. Sua escolha? Um modelo chinês da Hisense Home Appliances, ao invés das tradicionais LG ou Whirlpool. O preço pagou apenas 2.300 reais (aproximadamente US$ 400), um ótimo negócio se comparado aos 4.100 reais por um similar da LG.
O novo ar-condicionado de Ferreira não só trouxe alívio, mas também uma experiência de consumo onde a tecnologia e eficiência energética se destacaram. “Considerando o que eu buscava, era a melhor opção no mercado”, declarou ele em uma clara reprovação aos preços inflacionados das marcas tradicionais.
Os brasileiros, como Ferreira, estão reconhecendo as vantagens dos produtos chineses, que conquistam cada vez mais espaços nas prateleiras das lojas. Recentemente, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com autoridades em Pequim, ressaltando o potencial infinito da relação comercial entre Brasil e China.
A entrada maciça de marcas chinesas no Brasil ocorreu após a eleição de Donald Trump, quando o mercado ficou inundado de produtos eletrônicos e eletrodomésticos. Hisense, TCL e Midea estão agora diversificando suas linhas com itens como lava-louças e geladeiras, buscando aumentar sua fatia do mercado.
No contexto de uma economia desacelerada e altas taxas de juros, os varejistas brasileiros apostam nas marcas chinesas como solução para revitalizar as vendas. O impacto dessa estratégia já é visível: a participação das marcas chinesas nos eletrônicos vendidos no Brasil subiu de 16,5% em 2019 para 20% atualmente, segundo a NIQ.
Henrique Mascarenhas, da NIQ, enfatiza que as empresas chinesas estão não apenas aumentando sua presença, mas também se diversificando: “Estamos em uma fase onde o Brasil se torna um player importante no cenário global”.
O mercado brasileiro é atraente, especialmente no segmento de TVs, com a venda de cerca de 12 milhões de unidades anualmente. Essa expansão está siendo impulsionada por uma nova estratégia de vendas em lojas físicas, com exibições atraentes e ambientes que simulam salas de estar.
Os empreendimentos, como o Grupo Casas Bahia, já viram um aumento significativo na participação das marcas chinesas. Desde 2020, esse número saltou de 10% para 18%, com expectativas de superar 20% este ano.
Essas empresas estão utilizando estratégias agressivas de preço, oferecendo promoções que se traduzem em maiores margens para os varejistas. Por exemplo, a Midea tem uma máquina de lavar louça que custa cerca de 3.229 reais, 22% mais barato que modelos da Electrolux e Brastemp. Um similar da TCL é um terço do preço da Brastemp.
A produção local, especialmente na Zona Franca de Manaus, permite que as marcas chinesas mantenham seus custos competitivos e ofereçam produtos a preços acessíveis. Além disso, elas estão introduzindo modelos premium; a Hisense, por exemplo, viu um aumento de quase 700% nas vendas de TVs com tecnologia superior.
Os veículos elétricos da BYD e Great Wall Motor têm ajudado a fortalecer a imagem das marcas chinesas no Brasil. Para conquistar o consumidor brasileiro, é crucial que essas marcas vai além do preço: oferecer um bom serviço pós-venda é uma necessidade que ainda precisa ser endereçada. Muitas marcas chinesas, no passado, falharam nesse aspecto.
Derli Watras, 44 anos, relatou uma experiência negativa com a TCL, afirmando que não conseguiu atender ao suporte quando seu controle remoto apresentou falha. “Não consigo alcançá-los de jeito nenhum”, desabafou.
Enquanto o cenário das marcas chinesas no Brasil se desenrola, resta saber se elas conseguirão equilibrar inovação, custo e atendimento ao cliente para se firmar como líderes.

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