Mercados
Corretora Nomura enfrentam crise; clientes suspendem negociações após escândalo
Diversos clientes suspendem acordos com a Nomura após revelações de manipulação de mercado. Consequências podem ser severas para a maior corretora do Japão.
Um escândalo de manipulação de mercado está repercutindo fortemente no setor financeiro japonês. Grandes instituições financeiras, incluindo a Nomura Holdings, suspenderam negociações de títulos, conforme relatório de fontes que preferiram permanecer anônimas.
Mais de 10 empresas, que englobam seguradoras de vida, bancos fiduciários e gestoras de ativos, paralisaram temporariamente suas operações com a Nomura devido a violações significativas. A suspensão poderá ser revista quando a corretora apresentar novos detalhes sobre as medidas a serem tomadas para evitar incidentes semelhantes no futuro.
Um dos fundos de pensão mais expressivos do Japão, o Fundo de Pensão para Funcionários do Governo Local, interrompeu a compra e negociação de títulos do governo japonês a partir de 26 de setembro, em conformidade com suas diretrizes internas, revelou um funcionário sob a condição de anonimato.
“A decisão de negociação é dos nossos clientes; a Nomura não tem papel nessa escolha”, declarou um porta-voz da corretora em resposta a perguntas da Bloomberg News.
As consequências para a Nomura são alarmantes. A corretora, que já enfrenta desafios consideráveis, viu sua reputação manchada após a revelação de que um funcionário manipulou futuros de títulos do governo em 2021, emitindo ordens em grande escala sem intenção de execução.
Em decorrência disso, o Ministério das Finanças do Japão revogou os privilégios da Nomura como dealer primário em leilões de dívida estatal por um período de um mês. Empresas renomadas, como a Toyota Finance, transferiram suas operações de subscrição de títulos, resultado em um impacto negativo nas classificações e na fatia de mercado da Nomura.
Nesta última sexta-feira (18), as ações da Nomura caíram até 1,5% antes de recuperar parte das perdas ao fim das negociações.
A corretora já admitiu manipulação ao regulador financeiro do Japão após uma investigação da agência de valores mobiliários. O CEO Kentaro Okuda também pediu desculpas publicamente, sendo esta sua primeira aparição desde as alegações.
A perda de clientes, mesmo que temporária, representa um revés crítico para a Nomura, que estava em processo de recuperação financeira após prejuízos significativos, como no colapso da Archegos Capital Management. Em um sinal de melhora, a empresa viu seu lucro anual crescer pela primeira vez desde a ascensão de Okuda em 2020.
A Nomura notificará o mercado sobre possíveis impactos materiais em seus resultados financeiros relacionados a esse incidente. A divulgação dos resultados financeiros do terceiro trimestre está agendada para 1º de novembro.
“Os investidores institucionais estão cada vez mais atentos à governança”, afirmou Takamasa Ikeda, da GCI Asset Management, sobre a situação. “Eles necessitam fazer escolhas que inspirem confiança nos beneficiários.”
Históricos problemas regulatórios já levaram diversas empresas japonesas a afastar corretoras de negócios de subscrição de dívida. Dados da Bloomberg indicam que a Mitsubishi UFJ Securities, por exemplo, foi excluída de múltiplos contratos por meses após penalizações regulatórias recentes.
Em um cenário ainda mais complicado, a SMBC Nikko Securities também sofreu cinco trimestres consecutivos de prejuízo, recuperando-se apenas agora após um escândalo de manipulação. A corretora foi punida, resultando em rescisões de bônus e cortes salariais para executivos. “A recuperação pode demorar, mas não projetamos um impacto tão severo na Nomura”, concluiu a CreditSights em um relatório.
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