(Reuters) – Em um movimento surpreendente, a China isentou algumas importações dos Estados Unidos de suas pesadas tarifas de 125%. O governo chinês está agora solicitando que as empresas identifiquem quais produtos essenciais devem ser isentos de taxas. Essa decisão representa uma clara sinalização das preocupações de Pequim em relação às repercussões econômicas da guerra comercial em curso.
A medida surge logo após declarações conciliatórias de Washington, sugerindo que as duas maiores economias do mundo estão dispostas a encontrar soluções para um conflito que tem paralisado grande parte do comércio bilateral, mantendo dúvidas sobre a saúde econômica global.
Embora a China ainda não tenha divulgado oficialmente as isenções, um comunicado recente do Politburo, o órgão decisório do Partido Comunista, destacou a importância de manter a estabilidade econômica no país. O foco está no apoio a empresas e trabalhadores que sentem os efeitos das tarifas elevadas.
Além disso, o documento indica que, se necessário, a China está preparada para intensificar sua postura diante de possíveis confrontos comerciais.
Uma força-tarefa do Ministério do Comércio foi designada para coletar listas de itens que poderiam ser isentos de tarifas, com um chamado às empresas para que apresentem suas demandas. Uma fonte próxima ao assunto mencionou que, em uma reunião com mais de 80 empresas estrangeiras, o ministério discutiu profundamente o impacto das tarifas americanas sobre as operações e investimentos das companhias no território chinês.
Michael Hart, presidente da Câmara norte-americana de Comércio na China, afirmou que as autoridades estão perguntando às empresas que tipo de produtos importados dos EUA são indispensáveis e não têm substitutos viáveis. Algumas indústrias farmacêuticas já relataram que conseguiram importar medicamentos para a China sem tarifas, sugerindo que as isenções podem estar direcionadas principalmente a esse setor.
Curiosamente, as isenções tarifárias também estão sendo consideradas para componentes aeroespaciais, como revelou o CEO da fabricante francesa Safran. A empresa recebeu confirmação sobre a exclusão de tarifas para uma série de peças, incluindo motores e trens de pouso, o que pode proporcionar um alívio significativo.
Estas ações da China podem não apenas ajudar a aliviar a pressão financeira sobre as empresas locais, mas também suavizar as exportações dos EUA em um momento em que administrações de baixo e alto escalão em Washington demonstram interesse em negociar um acordo.
A Câmara de Comércio da União Europeia na China também levantou a questão das isenções tarifárias, esperando uma resposta do Ministério do Comércio, já que muitas empresas associadas sentem o peso das tarifas sobre peças cruciais importadas.
Rumores de uma lista com 131 categorias de produtos que estão sendo consideradas para isenções começaram a circular em plataformas de mídia social chinesas, embora a Reuters não tenha conseguido verificar sua autenticidade. A lista poderia incluir produtos tão variados quanto vacinas, produtos químicos e motores a jato.
Apesar das tentativas da imprensa e das autoridades internacionais de buscar comentários, tanto a agência alfandegária da China quanto o Ministério do Comércio permaneceram em silêncio. O Ministério das Relações Exteriores, por sua vez, disse não estar ciente das isenções, redirecionando o assunto para outras “autoridades relevantes”.
Enquanto isso, Washington destaca que a luta comercial com a China é insustentável economicamente, tendo já oferecido isenções para produtos eletrônicos. Porém, a mensagem de Pequim é clara: está pronta para resistir, a menos que os EUA decidam retirar suas exorbitantes tarifas de 145%.

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