A China eleva o padrão de investimentos sustentáveis ao captar mais de 47 bilhões de yuans, o que equivale a impressionantes R$ 37 bilhões, em propostas para a emissão de seu primeiro título soberano verde. Este montante supera em muito a expectativa inicial de 6 bilhões de yuans, revelando um forte interesse por parte dos investidores.
O Ministério das Finanças da China definiu os preços finais para os títulos offshore, com prazos de três e cinco anos, fixando os rendimentos em 1,88% e 1,93%, respectivamente. Esses números representam um ajuste significativo para baixo, considerando que a taxa inicial discutida girava em torno de 2,3% e 2,35%. As expectativas são de que o negócio seja concluído ainda hoje.
O objetivo é listar essa emissão inaugural em Londres, uma estratégia que sublinha o empenho da China em estreitar laços financeiros com o Reino Unido. As autoridades já promoveram uma conferência com investidores na capital britânica e buscam expandir sua presença no mercado europeu, reconhecido como o maior comprador global de dívidas sustentáveis.
“Reunir-se com investidores é algo sem precedentes. É raro ter essa oportunidade”, declarou Xuan Sheng Ou Yong, líder de renda fixa sustentável para a Ásia-Pacífico na BNP Paribas Asset Management, em Cingapura. Ele mencionou que tal diálogo com o ministério é uma chance única para discutir planos e estratégias relacionadas à economia e à descarbonização.
O anúncio da emissão de dívida ocorreu em janeiro, durante a visita do Chanceler do Tesouro Britânico a Pequim, onde ambas as nações manifestaram o compromisso de robustecer a cooperação financeira e a integração nos mercados de capitais. Essa movimentação se dá em um contexto em que a China intensifica suas atividades nos mercados internacionais, incluindo uma venda recente de títulos no valor de US$ 2 bilhões na Arábia Saudita e 2 bilhões de euros em Paris, em setembro.
Mesmo com a desaceleração global na emissão de títulos verdes durante os últimos trimestres de 2024, as entidades chinesas continuam dominando o cenário, mantendo-se como os maiores emissores até o momento, segundo dados da Bloomberg Intelligence.
A China, que permanece como o maior poluidor global, está em trajetória de atingir o pico de suas emissões de gases de efeito estufa antes do almejado prazo de 2030. O país está comprometido em acelerar a descarbonização, implementando diversas iniciativas, incluindo a ampliação de seu mercado de comércio de emissões e um aumento significativo na adoção de fontes de energia renováveis. Essas ações foram destacadas pelo Primeiro-Ministro Li Qiang em seu recente relatório de trabalho.

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