Nesta terça-feira (15), um terremoto aconteceu nas relações entre a Casa Branca e a mídia: o fim do acesso tradicional do pool de imprensa para agências de notícias foi anunciado, como resposta a uma decisão judicial federal que determina o fim da discriminação de opiniões contra a Associated Press (AP).
As novas regras prometem uma redução drástica do acesso que jornalistas da AP, Reuters e Bloomberg News tinham nas coberturas do presidente, em espaços como o Salão Oval e a bordo do Air Force One, onde o espaço é limitado.
“Durante décadas, a presença diária dos serviços de notícias no pool de imprensa foi um pilar essencial que permitiu investidores e eleitores, tanto nos EUA quanto globalmente, acessar reportagens exatas e em tempo real sobre as declarações e decisões do presidente”, ressaltou John Micklethwait, editor-chefe da Bloomberg. “Essa mudança é lamentável e enfraquece o nível de escrutínio e responsabilidade.”
Vale lembrar que a Associated Press processou o governo Trump em fevereiro após a Casa Branca começar a extinguir o acesso a repórteres e fotógrafos, exigindo que a agência alterasse seu guia de estilo para renomear o “Golfo do México” como “Golfo da América”, em conformidade com uma ordem executiva de Trump.
Na semana passada, o juiz Trevor McFadden, indicado por Trump, decidiu que a Casa Branca não poderia impedir a AP de cobrir o presidente em áreas restritas por causa de sua linha editorial. Contudo, McFadden deixou claro que não estava exigindo a reintegração da AP diretamente ao pool, mas sim que deveria ser considerada de maneira semelhante a outras agências.
A Casa Branca recorreu da decisão, mas não conseguiu convencer o Tribunal de Apelações dos EUA para o Circuito de DC a suspender temporariamente a ordem de McFadden.
Em resposta, o governo Trump e a secretária de imprensa, Karoline Leavitt, decidiram remodelar o pool de imprensa. Com as novas diretrizes, os serviços de notícias, uma constante histórica nos eventos presidenciais, agora estão apenas “elegíveis para seleção” para cobrir os acontecimentos.
“As agências serão consideradas para participação no pool, independentemente do ponto de vista substancial que apresentem”, declarou Leavitt em um comunicado.
Embora a Casa Branca tenha eliminado as vagas fixas para serviços de notícias, manterá espaço designado para um repórter de mídia impressa, uma equipe de televisão e jornalistas de rádio. Espaços também serão reservados para um jornalista de “nova mídia”, uma rede de televisão secundária ou serviço de streaming, além de quatro fotojornalistas.
A Casa Branca insistiu que, embora exista uma intenção de manter uma rotação, Leavitt terá a liberdade diária de decidir a composição do pool.
“Essa ação é crucial para garantir que a mensagem do presidente atinja os públicos certos e que agências com expertise pertinente estejam presentes quando eventos exigirem”, afirmou.
O presidente da Associação de Correspondentes da Casa Branca, Eugene Daniels, criticou as mudanças, afirmando que evidenciam apenas uma nova abordagem para o mesmo problema: a retaliação contra veículos de notícias que não agradam à administração. Isso não é um bom sinal para a democracia.
Esta é uma situação alarmante que levanta questões sobre a liberdade da imprensa e a transparência do governo. O caminho que estamos seguindo é preocupante e deve ser monitorado de perto por todos os cidadãos conscientes.

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