Na próxima terça-feira (6), o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, se encontrará com o presidente dos EUA, Donald Trump, em Washington. Este será o primeiro encontro presencial entre os dois desde a eleição de Carney, que se destacou por sua oposição a Trump.
Carney enfatizou a importância de “se engajar imediatamente”, reforçando que essa sempre foi sua intenção. Ele expressou satisfação por ter a oportunidade de realizar uma série abrangente de reuniões, conforme confirmou a repórteres em Ottawa.
A pauta central do encontro girará em torno de questões comerciais e do relacionamento mais amplo entre Canadá e Estados Unidos. O primeiro-ministro previu que as discussões serão “difíceis, mas construtivas”, alertando que não se deve esperar um acordo imediato para a guerra comercial em curso. Essa disputa levou os EUA a imporem tarifas sobre produtos canadenses, enquanto o Canadá retaliou com suas próprias tarifas sobre uma gama de produtos americanos.
Esse encontro é crucial para Carney, que ao tomar posse, prometeu lidar com a guerra comercial e proteger a soberania canadense. Ele já havia rejeitado as ameaças de Trump de transformar o Canadá no 51º estado dos EUA, afirmando que o antigo relacionamento econômico e de segurança não existe mais.
Trump havia mencionado a visita em uma reunião de gabinete, antecipando a vinda de Carney à capital americana. Os dois líderes discutiram por telefone, e Carney indicou que Trump não trouxe à tona a ideia de tornar o Canadá um estado americano, conceito amplamente rejeitado pelos canadenses.
A guerra comercial, iniciada por Trump em fevereiro, surgiu da alegação de que as tarifas eram necessárias devido ao comércio de fentanil. Entretanto, dados do governo dos EUA demonstram que as quantidades de fentanil que chegam aos EUA a partir do Canadá são diminutas. Enquanto isso, Carney questiona a continuidade dessas tarifas, dada a fraca justificativa.
Em resposta, o Canadá impôs tarifas sobre cerca de C$ 60 bilhões (US$ 43,5 bilhões) em produtos americanos e também sobre automóveis fabricados nos EUA. A General Motors anunciou que está desativando uma de suas fábricas no Canadá e cortando um turno em outra, citando as tensões comerciais. “Estamos em uma crise”, disse Carney, referindo-se às decisões da GM e alertando que “consequências” aguardam empresas que reduzem a produção.
Carney e Trump trocaram a primeira conversa por telefone logo após a posse de Carney, que prometeu melhorar as relações comerciais com a Europa e a Ásia, embora a ligação histórica e geográfica com os EUA torne isso complexo. “Superamos o choque da traição americana”, disse Carney em seu discurso de vitória, acrescentando que as lições desse momento devem ser lembradas.
Ademais, em um gesto que pode reforçar a soberania do Canadá, Carney solicitou ao Rei Charles III a cerimônia de abertura do Parlamento, marcada para o dia 27 de maio. Esta será a primeira vez que um monarca abre o Parlamento canadense desde 1977, quando foi a Rainha Elizabeth II.

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