Estamos presenciando um verdadeiro vendaval nos mercados financeiros, gerado pela guerra comercial conduzida por Donald Trump, que continua a devastar o cenário global por um terceiro dia consecutivo. A incerteza econômica resulta em oscilações drásticas nas ações, títulos e commodities, alimentando o medo de uma recessão iminente e especulações sobre possíveis mudanças na política econômica do presidente.
Após um panorama global sombrio, que já resultou na perda de assustadores US$ 10 trilhões nos mercados acionários, o S&P 500 apresentou uma montanha-russa de ganhos e perdas. À medida que surgem e desaparecem expectativas de que Trump possa adiar os aumentos tarifários, o índice tenta se recuperar, temporariamente abstendo-se de sua maior queda desde os lockdowns pandêmicos de 2020.
A volatilidade não é exclusividade dos EUA; mercados globais também experimentam grandes oscilações, com investidores precificando um elevado risco de recessão. Os preços do petróleo caíram, enquanto o Índice VIX — o termômetro do medo — disparou, alcançando níveis alarmantes da era da pandemia. Incrivelmente, mesmo os títulos do Tesouro, historicamente considerados um refúgio seguro, estão sob pressão, com os rendimentos de 10 anos subindo 16 pontos-base, atingindo 4,15%, sinalizando que as tarifas podem afundar ainda mais nossa economia e desestabilizar as finanças do governo.
Essas expectativas sombrias levaram os operadores a apostar em até cinco cortes de 0,25 ponto percentual nas taxas de juros pelo Federal Reserve neste ano, embora o presidente Jerome Powell tenha demonstrado desinteresse em apressar essa ação, já que a reforma comercial pode provocar outra onda de inflação.
Os mercados estão exaustos, ávidos por qualquer indício de alívio. Steve Chiavarone, da Federated Hermes, alerta: “Cuidado com movimentos extremos em uma liquidação como esta. Movimentos de alta não significam que tudo está resolvido, enquanto movimentos de baixa não indicam o apocalipse — as manchetes são volúveis. Precisamos de uma resposta política, seja um acordo estratégico, uma pausa nas tarifas, uma ação do Fed, ou cortes de impostos significativos!”
Entretanto, Trump e seus conselheiros não mostram sinais de recuo. No fim de semana, minimizaram a queda do mercado, classificando-a como um efeito colateral de curto prazo de uma política que, segundo eles, trará empregos de volta aos EUA e revigorará a economia.
No entanto, nesta segunda-feira, os mercados continuam a aguardar. Trump mantém sua posição, mas parece disposto a negociar. Ele elogiou a queda nos preços do petróleo e nos rendimentos dos títulos em sua rede social e repetiu seu apelo a Powell para cortar as taxas de juros. Ele afirmou que “países estão dialogando conosco” e chegou a ameaçar aumentar novamente as tarifas sobre a China, levantando preocupações sobre retaliações em cadeia.
A leve pausa na liquidação das ações nos EUA foi um alívio bem-vindo, especialmente após os colapsos globais. A China, por exemplo, foi duramente atingida, com o Índice Hang Seng caindo 13%, sua maior queda desde 1997, enquanto os formuladores de políticas discutiam medidas para estabilizar a economia. O Índice Stoxx 600 da Europa despencou para o menor nível desde dezembro de 2023, e o DAX alemão chegou a perder 10% antes de uma leve recuperação. Empresas do setor de defesa, que se destacaram este ano, também viram perdas significativas à medida que investidores liquidavam ativos vencedores.
Chris Zaccarelli, da Northlight Asset Management, descreve o dia como de “volatilidade insana”. “Ninguém sabe quando ou quão intenso será o ponto de virada, quando as ações finalmente chegarem ao fundo”, comentou.
Pessoas influentes de Wall Street, como Bill Ackman, Boaz Weinstein e Jamie Dimon do JPMorgan Chase, começaram a fazer alertas sobre os riscos da estratégia de Trump de reverter o comércio internacional que impulsionou por décadas a economia global.
Essas preocupações geraram revisões nas previsões de analistas que antes eram otimistas. John Stoltzfus, da Oppenheimer & Co., reduziu sua previsão para o S&P 500 de 7.100 para 5.950. Na RBC Capital Markets, Lori Calvasina indicou que o índice poderia cair para 4.200 se o custo de uma recessão se concretizar, o que representaria uma queda de 17% em relação ao fechamento de sexta-feira.
Entretanto, a recuperação nos preços das ações nos EUA trouxe um alívio para alguns operadores que viram isso como um sinal de resiliência do mercado. “Ninguém quer perder um rali”, afirmou Steve Sosnick, da Interactive Brokers. “As vibrações positivas podem ter sido temporárias, mas refletem o quanto os operadores estão ansiosos por qualquer alívio nas tarifas.”

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