As ações da Burberry viveram um verdadeiro boom após um aumento significativo na demanda nos Estados Unidos, trazendo um sopro de esperança para investidores e revitalizando as expectativas de recuperação do mercado de luxo.
Os números falam por si: a Burberry reportou uma queda de apenas 4% nas vendas no varejo, muito melhor do que os quase 13% esperados pelos analistas. Surpreendentemente, as vendas nas Américas mostram um crescimento, enquanto a performance na China se apresentou menos negativa do que o previsto.
O novo CEO, Joshua Schulman, que assumiu em julho, traçou um ambicioso plano de revitalização da marca, alinhando-a novamente com suas raízes em roupas externas icônicas, como os seus renomados trench coats de £ 2.000 (US$ 2.480). A Burberry enfrentou desafios sob a direção anterior, que buscava posicionar a marca em um segmento mais elevado e diversificar com bolsas de luxo.
O mais recente desempenho positivo da Burberry, que também se alinha com os resultados robustos do proprietário da Cartier, Richemont, indica que a demanda por produtos de luxo pode, finalmente, ter tocado o fundo do poço. O foco agora se volta para a LVMH, o gigante do setor, que apresentará seus resultados na próxima semana.
As ações da Burberry dispararam até 17%, marcando o maior aumento desde novembro e elevando o total acumulado no ano para impressionantes 25%. Vale lembrar que as ações já haviam sofrido uma queda superior a 50% nos dois anos anteriores. Concorrentes como a Gucci, propriedade da Kering, LVMH e Moncler também registraram ganhos nas bolsas.
A empresa acredita que o desempenho positivo na segunda metade do ano fiscal, que termina em março, poderá compensar as perdas da primeira metade, especialmente impulsionado pela forte demanda durante a temporada de festas. Schulman revelou que a demanda nos EUA foi especialmente forte, impulsionada pela reabertura da loja flagship na 57ª rua de Nova York.
No entanto, a Burberry também se mostrou cautelosa, alertando que o ambiente econômico permanece incerto e que sua transformação ainda está em fase inicial, com muito por fazer.
Analistas como Piral Dadhania, da RBC Capital Markets, avaliam esses resultados como um primeiro, embora precoce, passo na direção certa, reconhecendo que a estratégia promocional adotada no trimestre certamente desempenhou um papel importante.
De fato, a Burberry aplicou cortes de até 50% em alguns produtos durante a temporada festiva, algo que levantou preocupações no Barclays sobre o possível impacto nos prestígios da marca entre os consumidores.
A CFO Kate Ferry informou que o impacto dos descontos foi contido, representando menos de 2 pontos percentuais no desempenho trimestral. Ela destacou que a demanda por lenços, que não foram promovidos, permaneceu especialmente forte. É importante notar que a Burberry utiliza descontos de forma estratégica para reduzir o estoque antigo, uma medida anunciada em novembro.
Segundo a analista Mamta Valechha, da Quilter Cheviot, os esforços da Burberry em desovar o estoque por meio de descontos significativos não apenas ajudaram a aumentar as vendas, mas também a gerenciar os níveis de estoque com eficácia.
A indústria de luxo tem enfrentado resultados mistos desde o final do boom pós-pandêmico, onde os consumidores estavam dispostos a gastar em todo tipo de produtos luxuosos, de bolsas Louis Vuitton a relógios Rolex. Os últimos dois anos revelaram ser um desafio, especialmente para marcas como a Burberry, que dependem de um públicocomprador mais aspiracional.
Até mesmo a icônica Chanel começou a mostrar fraquezas, reduzindo 70 empregos nos EUA após alertar sobre um ambiente comercial mais desafiador.

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