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Boeing pode levantar R$ 54 bilhões em venda de ações enquanto enfrenta greve

Com greve em andamento, a Boeing planeja arrecadar R$ 54 bilhões vendendo novas ações para recuperar suas finanças.

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A está em negociações para levantar uma quantia impressionante de US$ 10 bilhões (aproximadamente R$ 54 bilhões) através da venda de novas ações. Essa decisão surge em um momento crucial, à medida que a fabricante enfrenta a necessidade urgente de reabastecer suas reservas de caixa, severamente afetadas por uma greve em curso, segundo fontes bem informadas.

Consultores foram acionados para explorar todas as opções possíveis, mas uma decisão final sobre o capital próprio só deve ser tomada após um mês, dependendo da resolução da greve que paralisa 33 mil trabalhadores. As fontes, que preferiram não se identificar por questões de confidencialidade, informam que a fabricante busca entender o impacto financeiro dessa interrupção.

Um porta-voz da Boeing optou por não comentar sobre o assunto neste momento. É importante ressaltar que, até agora, não houve uma decisão concreta sobre o cronograma e os valores a serem levantados. A Boeing pode muito bem decidir não seguir adiante com esse plano, como alertam as fontes.

A pressão sobre a Boeing é intensa, especialmente na busca por fortalecer sua saúde financeira e manter sua classificação de crédito de grau de investimento. A empresa se encontra à beira de um rebaixamento, o que comprometeria ainda mais a gestão de sua dívida que já soma US$ 58 bilhões. A greve, que adentrou sua terceira semana, continua a paralisar a produção do carro-chefe da companhia, o avião de corredor único, sendo que cada dia perdido agrava ainda mais as reservas.

A fabricante teve suas finanças severamente impactadas por um quase acidente catastrófico em janeiro, que resultou na redução da produção do lucrativo 737 Max. Se avançar com a venda de ações, a Boeing estaria prestes a realizar a maior emissão de uma empresa pública desde a venda de US$ 12,3 bilhões da Saudi Aramco em junho.

As ações da Boeing experimentaram um leve aumento de menos de 1% às 13h42, em Nova York. Contudo, o desempenho deste ano é alarmante, com uma queda de 18% até o fechamento de terça-feira, reduzindo seu valor total a US$ 93,6 bilhões e sinalizando o pior retorno anual desde a crise financeira de 2008.

Enquanto uma venda de ações pode diluir a participação dos acionistas, os fundos adicionais seriam cruciais para a Boeing segurar sua classificação de crédito, de acordo com Rob Stallard, analista da Vertical Research Partners, que sugere que a arrecadação pode ser ainda maior, chegando a US$ 15 bilhões.

Conflito em Andamento

A Boeing enfrenta uma severa pressão de liquidez, tendo desembolsado US$ 8,25 bilhões em caixa livre no primeiro semestre. A fabricante decidiu desacelerar o trabalho no 737 Max e em outros jatos para sanar falhas de qualidade evidenciadas pelo acidente em janeiro. Após rejeitar duas propostas de aumento salarial, os trabalhadores e a empresa recorreram a um mediador para tentar resolver o impasse.

Os analistas projetam que a Boeing enfrentará um fluxo de caixa negativo de US$ 3,36 bilhões no terceiro trimestre, com a greve custando aproximadamente US$ 1,5 bilhão a cada mês que os trabalhadores permanecerem fora.

Os saques de caixa são uma preocupação que pode comprometer drasticamente a situação financeira da Boeing, fazendo com que as três principais agências de classificação sejam forçadas a agir. A Fitch Ratings já alertou que uma greve prolongada pode causar um impacto operacional e financeiro significativo, elevando o risco de um rebaixamento.

Sem a captação de capital adicional, o saldo de caixa da Boeing pode cair para níveis alarmantes até meados de 2025, adverte Seth Seifman, analista do JPMorgan, alertando os clientes sobre o futuro sob este cenário. Existe uma crescente expectativa entre investidores de que a Boeing consiga arrecadar cerca de US$ 15 bilhões, dado o declínio da confiança nos fluxos de caixa de 2025 e as iminentes maturidades de sua dívida.

Estratégias Financeiras

O diretor financeiro Brian West comunicou aos analistas em uma conferência do Morgan Stanley no mês passado que a Boeing “tomará as ações necessárias” para garantir sua classificação de grau de investimento e sanar o balanço patrimonial. A fabricante já deu início a um plano de contenção que inclui férias para trabalhadores, suspensão de contratações e cortes de salários para executivos.

“Estamos confortavelmente à vontade em fortalecer nossa posição de liquidez para alcançar esses dois objetivos”, afirmou West ao ser questionado sobre uma possível necessidade de levantar dívidas ou capital próprio.

Embora a Boeing atravesse um período desafiador, a companhia destaca uma carteira robusta com 5.490 aeronaves encomendadas, representando um faturamento potencial de meio trilhão de dólares. O 737 Max praticamente esgotou suas reservas até o fim da década, e a concorrente Airbus também luta para expandir sua produção, sem conseguir aproveitar de forma significativa os problemas da Boeing.

A fabricante americana tem o histórico de acessar os mercados logo após a divulgação de resultados trimestrais, com o próximo relatório previsto para o final de outubro. Recentemente, a Boeing emitiu US$ 10 bilhões em títulos logo após a divulgação de seus resultados do primeiro trimestre.

Além disso, a Boeing expressou interesse em recomprar a Spirit AeroSystems, seu fornecedor central, que está no epicentro de alguns problemas de fabricação atuais. A intenção é utilizar ações para financiar a transação de US$ 4,7 bilhões, embora a reintegração de seu fornecedor crucial exija investimentos significativos para reverter a situação na qual se encontra.

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