Na última quinta-feira (3), o Bitcoin (BTC) e uma série de criptomoedas de grande capitalização experimentaram um forte recuo. A responsável por essa drástica mudança foi a recente declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou imensas novas tarifas comerciais sobre diversos parceiros, resultando em uma aversão ao risco palpável nos mercados financeiros globais.
A criptomoeda emblemática viu seus preços derreterem mais de 5%, caindo para cerca de US$ 81.500 por volta das 11h50. Outros tokens significativos como Ethereum (ETH) e XRP também enfrentaram perdas, enquanto a Solana (SOL) sofreu uma chocante queda de 10%.
Trump divulgou que implementará uma tarifa mínima de 10% sobre todas as exportações destinadas ao seu país e maiores taxas sobre cerca de 60 países que apresentam desequilíbrios comerciais severos. A China, por exemplo, sofrerá uma tarifa impactante de 34%, enquanto a União Europeia enfrentará uma taxação de 20%, e o Japão, 24%.
Num primeiro momento, o mercado de criptomoedas parecia relativamente calmo, mas conforme o pregão avançou na Ásia e então nos Estados Unidos, o efeito negativo se tornou evidente.
“As criptomoedas são ativos de risco, e sua performance tende a prejudicar-se em tempos de incerteza, especialmente quando há anúncios como taxa de juros altas ou tarifaços”, afirmou John Wu, presidente da Ava Labs.
Bitcoin sofre após ofensiva comercial de Trump
Os mercados de ações não escaparam da turbulência: bolsas na Ásia, Europa e EUA fecharam em alta volatilidade, refletindo o temor de que a nova política comercial de Trump possa afetar negativamente o crescimento econômico americano. O dólar também apresentou um recuo considerável.
“O mercado acredita que se o crescimento desacelerar, ativos de risco tradicionais irão despencar — e o cripto não é exceção”, comentou Zaheer Ebtikar, fundador do fundo de criptomoeda Split Capital. “O Bitcoin tem se distanciado do ouro, que alcançou máximas históricas, e se alinhado com os movimentos dos ativos de risco.”
O ouro, por sua vez, também chegou a registrar novos máximos históricos, antes de perder alguns ganhos. Embora os entusiastas do Bitcoin o vejam frequentemente como um porto seguro, a realidade é que a criptomoeda tem se mostrado vulnerável durante períodos de alta volatilidade ao longo do último ano.
“Os próximos movimentos significativos vão depender dos fatores geopolíticos, alterações de políticas econômicas e como o mercado vê o Bitcoin — se como um ativo de risco ou um refúgio,” comentou Rachael Lucas, analista da BTC Markets. Segundo ela, manter a linha de suporte dos US$ 80 mil será essencial para a criptomoeda.
Em meio a isso, ações de empresas ligadas ao setor cripto também enfrentaram pressão. As ações da exchange Coinbase despencaram em cerca de 7%, a Strategy — que acumula Bitcoin — caiu 6,7%, enquanto a mineradora MARA Holdings viu suas ações desvalorizarem em 8,3%.

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