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Bill Gross, ex-rei dos bonds, agora investe em ações de fusões corporativas

O renomado Bill Gross, cofundador da PIMCO, aposta na arbitragem de fusões como alternativa aos investimentos tradicionais.

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Para investidores em busca de uma saída das ações e da renda fixa, Bill Gross oferece uma abordagem inovadora: a arbitragem de fusões.

O cofundador e ex-diretor de investimentos da PIMCO, uma das maiores gestoras do mundo, está se manifestando de forma cada vez mais assertiva sobre essa estratégia, que é baseada na expectativa de resultados de aquisições corporativas.

“Meu interesse em arbs [arbitragem] surgiu recentemente, impulsionado pela alta das ações em geral”, afirmou Gross em uma entrevista por e-mail. “Eles oferecem um retorno esperado superior com risco reduzido de perdas, desde que avaliados corretamente.”

Este segmento do mercado tem vivido uma volatilidade impressionante este ano, especialmente com os reguladores dos Estados Unidos adotando posturas rígidas que minaram a confiança do mercado. No entanto, a performance dessa estratégia tem melhorado, especialmente depois que a FTC (Federal Trade Commission) enfrentou reveses em suas contestações relacionadas a setores como saúde e tecnologia.

Na semana passada, o ex-“rei dos bonds” alertou que o preço das ações está inflacionado, considerando o aumento nos custos do crédito. Além disso, ele não acredita que o Fed (Federal Reserve) conseguirá cortar taxas de juros de forma significativa devido à persistente inflação.

“Desperdiço meu tempo com ações e títulos de renda fixa quando se trata de retornos futuros”, escreveu Gross.

“Oportunidades Favoráveis”

Investir em arbitragem de fusões é atraente, pois seu desempenho não precisa estar diretamente ligado à economia ou ao mercado de ações, conforme observa Gross. A crescente volatilidade nas transações abre espaço para retornos potencialmente altos.

Gross identificou “oportunidades favoráveis” em diversas situações de arbitragem de fusões que estão aguardando a aprovação regulatória.

Entre os exemplos, ele destaca a aquisição da fabricante de videogames Activision Blizzard pela Microsoft, avaliada em US$ 69 bilhões; o acordo de venda da Capri Holdings, dona da Michael Kors, por US$ 8,5 bilhões para a Tapestry; e a proposta da Pfizer de comprar a Seagen por US$ 43 bilhões, que também é vista com bons olhos por ele.

Os traders de arbitragem de fusões, que muitas vezes são fundos de hedge, buscam lucrar com a diferença entre o preço-alvo das ações e o valor das ofertas de compra. Por exemplo, as ações da Capri estavam valendo US$ 51,15 na terça-feira (10), cerca de 10% abaixo da proposta de US$ 57 oferecida, refletindo preocupações sobre o escrutínio regulatório.

Gross expressou otimismo quanto ao fechamento desse acordo, considerando-o “relativamente seguro”, ao contrário de fusões no setor de tecnologia, que sofrem uma análise antitruste mais rigorosa. Em sua visão, a Capri ilustra um desconto considerável em um negócio que pode levar entre seis a nove meses para ser concluído, gerando um retorno anualizado de até 14%, segundo sua análise.

“Ambientes anticompetitivos, na verdade, podem ser mais atraentes, pois ampliam os spreads, mesmo nas fusões mais racionalmente justificados”, afirmou.

Entretanto, é importante notar que as estratégias de arbitragem possuem seus riscos. Embora possam proporcionar altos retornos quando os negócios se concretizam, qualquer imprevisto pode resultar em perdas significativas.

No início do ano, Gross elogiou uma oportunidade na proposta da AMC Entertainment Holdings para converter ações preferenciais em ações ordinárias. Embora a transação tenha sido concluída, a diferença nos ganhos e perdas dependeu do timing, em decorrência de reviravoltas legais. Para Gross, a negociação “saiu muito bem.”

Quanto à Activision, ele observou que a transação se tornou atraente após a FTC perder um processo de oposição, com a aquisição recebendo sinal verde na Europa, pressionando o Reino Unido a reconsiderar sua posição.

Se a aprovação do Reino Unido ocorrer e o acordo for finalizado — um desfecho esperado em breve — as ações devem se aproximar do preço de oferta de US$ 95, após fecharem a US$ 94,34 na terça-feira.

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