O Secretario do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, fez uma declaração provocativa: a agenda comercial da administração Trump pode surpreender, com a conclusão de acordos até o feriado do Dia do Trabalho, 1º de setembro. Contudo, ele indicou que algumas negociações certamente se prolongarão além do prazo de julho para tarifas recíprocas elevadas.
“Estamos recebendo ofertas tentadoras de vários países”, afirmou Bessent durante sua participação na Fox Business. Ele destacou, também, os comentários do Secretário de Comércio, Howard Lutnick, que mencionou que a Casa Branca está prestes a formalizar acordos com 10 grandes parceiros comerciais.
Bessent reiterou que existem 18 parceiros comerciais significativos e comentou que os EUA já firmaram um acordo com o Reino Unido e alcançaram um entendimento preliminar com a China. Portanto, esses dois países “estão temporariamente atrás de nós”, disse o secretário.
“Se conseguirmos fechar 10 ou 12 dos 18 principais parceiros — e ainda existem mais 20 relacionamentos comerciais importantes — poderemos selar os acordos até o Dia do Trabalho”, prosseguiu Bessent, que não revelaram quais países estão na mesa de negociações.
É importante notar que o presidente Donald Trump decidiu pausar suas tarifas “recíprocas” de 2 de abril sobre os parceiros comerciais dos EUA por três meses, um movimento realizado apenas uma semana após seu anúncio. Este prazo se esgota em 9 de julho. Lutnick, em entrevista à Bloomberg Television, afirmou que Trump está pronto para finalizar uma série de acordos comerciais antes do término deste prazo.
“Vamos trabalhar nos 10 principais acordos, categorizá-los corretamente e, então, os demais países ficarão em segundo plano”, afirmou Lutnick.
Inicialmente, Trump e seus assessores vislumbraram uma abordagem audaciosa para as negociações, sugerindo diálogos simultâneos com uma infinidade de parceiros com o intuito de reduzir déficits comerciais, eliminar barreiras ao comércio e trazer de volta mais manufatura para o território americano.
“Estamos trabalhando em 90 acordos possivelmente pendentes nos próximos 90 dias. De fato, essa pausa foi uma jogada inteligente do presidente Trump, permitindo que ele atuasse estrategicamente para beneficiar o povo americano”, afirmou Peter Navarro, assessor de comércio da Casa Branca, em entrevista ao Meet the Press da NBC.
O verdadeiro objetivo das negociações
No entanto, as expectativas podem ser otimistas demais, visto que alguns parceiros têm resistido às negociações, e Trump já sinalizou que está disposto a impor tarifas unilaterais se não ficar satisfeito com os resultados das conversas.
Ademais, a amplitude e profundidade dos acordos comerciais que a administração busca concretizar ainda estão em questão. Normalmente, tais tratados levam anos para serem finalizados. O acordo com o Reino Unido, que Trump descreve como abrangente, ainda apresenta lacunas críticas, e o pacto com a China levanta questões não resolvidas sobre o tráfico de fentanil e o acesso dos exportadores americanos aos mercados chineses.
Recentemente, Trump indicou que a Índia pode ser um dos países prestes a fechar um acordo. Uma equipe de oficiais comerciais indianos estava programada para reuniões em Washington nesta semana.
Bessent enfatizou que os EUA não têm a intenção de repatriar toda a manufatura, mas focar em setores de maior valor agregado.
O foco em alta tecnologia e inovação
“Nós vamos trazer empregos de manufatura de precisão de volta”, disse ele em um evento realizado pela Faith & Freedom Coalition. “Não vamos reintroduzir a produção de meias e toalhas, pois isso é coisa do passado”. Ele também recebeu críticas por ter afirmado que a produção têxtil, que faz parte de suas memórias de infância na Carolina do Sul, não será reestabelecida. “Vamos nos concentrar em manufaturas de alta tecnologia e produtos artesanais”, ressaltou, citando como exemplo a produção de uniformes para serviços de emergência e militares dos EUA.
Bessent declarou que a Carolina do Sul foi uma das regiões “esquecidas” enquanto o capital se concentrava nas costas americanas após a entrada da China na Organização Mundial do Comércio, caracterizando esse período como “capitalismo sem limites”.

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