Os bancos da América do Norte estão acelerando o retorno ao trabalho presencial, enquanto seus colegas europeus permanecem em um modelo mais conservador de trabalho híbrido. Essa disparidade levanta questões profundas sobre o futuro do emprego no setor financeiro.
Após cinco anos afetados pela pandemia da Covid-19, apenas sete dos 15 maiores bancos da Europa pediram que seus funcionários trabalhassem quatro ou mais dias na semana no escritório, de acordo com dados da Bloomberg. Em contrapartida, 11 bancos da América do Norte apresentam requisitos similares.
A média de presença exigida pelos bancos canadenses e americanos é de 4,2 dias por semana, enquanto na Europa a média é de 3,4 dias. Nenhum banco europeu exigiu a presença total de cinco dias, o que evidencia a diferença notável de abordagem.
As opiniões divergentes de figuras proeminentes como Bill Winters, do Standard Chartered, e Jamie Dimon, do JPMorgan Chase & Co., exemplificam a falta de consenso sobre o trabalho presencial. Winters, em defesa do trabalho remoto, reafirmou a confiança nas capacidades dos funcionários de gerenciar suas responsabilidades, enquanto Dimon foi firme ao afirmar que as regras do JPMorgan são categorias que não são passíveis de discussão.
Essa resistência por parte dos bancos europeus reflete um desempenho inferior nas ações em comparação com seus concorrentes americanos, e analistas apontam que essa divisão de políticas pode ser um fator que contribui para essa discrepância de resultados financeiros.
Embora existam defensores do requisito de trabalho diário, como Mike Mayo, veterano analista do Wells Fargo, que argumenta que isso gera uma cultura forte e competitiva, há exceções, como o Citigroup, que adota uma abordagem mais flexível, exigindo apenas três dias no escritório, o que pode indicar um esforço por atrair talentos em um mercado que exige adaptação.
Na Ásia, as políticas variam consideravelmente. Enquanto os bancos do Japão adotaram o modelo híbrido, alguns bancos australianos estão trazendo seus trabalhadores de volta ao escritório, com avaliações de desempenho atreladas à frequência. Outros, como os bancos chineses, já retomaram a rotina completa no escritório.
Abordagem Europeias: Flexibilidade em Alta
Na Europa, mesmo os bancos com desempenho adequado adotam o modelo híbrido como um recurso para reter talentos. O BBVA, conhecido por suas margens sustentáveis, mantém uma política de dois dias de trabalho remoto por semana, enquanto o Intesa Sanpaolo exige que seus funcionários trabalhem ao menos 50% do tempo no escritório.
Com a rentabilidade dos bancos europeus alcançando recordes, muitos não sentem a necessidade urgente de alterar suas políticas, ao passo que uma pesquisa da Universidade de Pittsburgh mostra que os mandatos de retorno geralmente seguem quedas no mercado de ações, resultando em descontentamento entre os funcionários.
As tentativas de uniformizar as regras de presença, como no caso do Société Générale, que planeja um dia de trabalho remoto por semana na França a partir de 2026, enfrentam resistência e demoras, refletindo o cenário complexo para mudanças no continente.
No entanto, como apontou Davide Serra, investidor e fundador da Algebris Asset Management, o conselho de líderes como Dimon é um caminho mais seguro a seguir para organizações maiores, dada a complexidade de gerenciar grandes equipes.

You must be logged in to post a comment Login