O primeiro dia da presidência de Donald Trump foi marcado por uma agitação nos mercados globais, impulsionada por um aviso preocupante sobre manipulação cambial que pode intensificar a volatilidade futura.
Um documento confidencial da nova administração dos EUA, que ainda não foi divulgado ao público, exige que agências federais se debrucem sobre a manipulação cambial promovida por outros países. Isso levou os analistas a se perguntarem quem será o próximo alvo. Japão, China, Alemanha e Cingapura já figuram na “lista de monitoramento” do Departamento do Tesouro dos EUA por suas práticas cambiais.
“Esta é uma notícia revolucionária e muito relevante para o mercado de câmbio”, afirmou Richard Franulovich, chefe de estratégia de câmbio do Westpac. Trump e seu indicado para o Tesouro, Scott Bessent, têm a liberdade de aplicar julgamento e discrição, o que implica que mais parceiros comerciais poderão ser rotulados de manipuladores.
A postura de Trump surge em meio a altas taxas de juros nos EUA e um crescimento robusto que mantiveram o dólar forte frente a outras moedas, desde o euro até o yuan, solidificando sua supremacia no mercado de câmbio, que opera com US$ 7,5 trilhões diariamente. A expectativa de novos ganhos para o dólar provavelmente deixará outras nações em alerta e poderá desencadear intervenções para sustentar suas próprias moedas.
A China, que já enfrenta tarifas comerciais dos EUA, é considerada particularmente suscetível a esse novo foco. Novas manchetes sobre manipulação cambial podem representar um golpe ainda mais forte ao yuan.
“O aumento da fiscalização nos EUA sobre políticas cambiais pode forçar países a permitir uma valorização de suas moedas em relação ao dólar”, explicou Wei Liang Chang, estrategista do DBS Bank. “Se houver percepções de que as moedas estão sendo deixadas enfraquecer por causa das tarifas dos EUA, isso pode reabrir o debate sobre manipulação cambial.”
O documento de Washington traz à tona lembranças de um plano anterior desenvolvido por Trump e seus conselheiros econômicos, que buscava impedir que nações se afastassem do uso do dólar. As estratégias contempladas incluíam controles de exportação, alegações de manipulação cambial e taxas, conforme relatado pela Bloomberg News anteriormente.
“Esse documento mencionado por Trump pode parecer inovador, mas provavelmente é uma versão do existente, talvez com um foco ampliado em ‘manipuladores’”, comentou Christopher Wong, estrategista do Oversea-Chinese Banking Corp. “Caso novos nomes sejam adicionados à lista, uma alta volatilidade é esperada a partir disso.”

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