A Aramco, gigante saudita do petróleo, anunciou uma queda em seus lucros pelo 10º trimestre consecutivo, resultado da combinação explosiva de preços do petróleo em baixa e um aumento na produção, que não foi suficiente para amparar suas finanças.
No segundo trimestre, o lucro líquido atribuível aos acionistas caiu 19%, atingindo 85,63 bilhões de riais (cerca de US$ 22,8 bilhões), o menor valor em quatro anos. Este resultado alarmante não apenas ficou aquém das expectativas do mercado, como também evidenciou a crescente pressão sobre o balanço da companhia, com um fluxo de caixa livre incapaz de cobrir os dividendos pagos.
Em um cenário onde o governo saudita precisa urgentemente de recursos para suportar suas ambições econômicas, o cenário é sombrio. A Aramco já anunciou uma previsão de redução de um terço em seus dividendos para 2025, o que representa um corte significativo, mas ainda assim parece insuficiente para equilibrar suas contas. O preço médio do petróleo em Londres caiu quase US$ 20 por barril no segundo trimestre, com o valor do Brent se situando ao redor de US$ 68, bem abaixo dos mais de US$ 90 necessários para o equilíbrio orçamentário saudita.
O dividendo total da Aramco no último trimestre foi de US$ 21,36 bilhões, praticamente mantendo o mesmo nível do primeiro trimestre, mas 30% abaixo dos US$ 31 bilhões do mesmo período do ano passado, resultado de uma estratégia agressiva de redução de pagamentos vinculados ao desempenho.
Com um fluxo de caixa livre de apenas US$ 15,2 bilhões, a companhia viu sua dívida líquida subir substancialmente para US$ 30,8 bilhões, elevando a relação dívida/patrimônio para 6,5%. Embora essa marca ainda seja considerada baixa em comparação com outras gigantes petrolíferas, como a Shell, a crescente dependência do endividamento gera apreensão.
Conforme nota do CFO Ziad Al-Murshed, a Aramco seguirá ativa no mercado de dívidas, explorando novas opções financeiras para diversificar suas estratégias. Contudo, a dependência crescente da dívida para sustentar o dividendo base levanta questionamentos sobre a sustentabilidade dessa prática, como enfatiza o analista da Morningstar, Allen Good.
A companhia planeja continuar investindo entre US$ 52 bilhões a US$ 58 bilhões este ano e está em busca de investidores para fortalecer sua posição financeira. Esse foco em liberar capital e adequar suas operações frente a um quadro econômico desafiador é essencial.
Aumento da produção de petróleo
Vale mencionar que a Aramco também tem aumentado sua produção como parte de uma manobra aprovada pela OPEP. Com o objetivo de alcançar quase 10 milhões de barris por dia até setembro, essa estratégia contrasta com a fragilidade que domina os mercados, onde o aumento da produção, combinado a uma desaceleração na demanda chinesa, pode resultar em um superávit significativo.
O CEO da Aramco, Amin Nasser, permanece otimista sobre o crescimento da demanda, afirmando que as expectativas para o mercado de petróleo são robustas, prevendo um crescimento no consumo de mais de 2 milhões de barris por dia na segunda metade de 2025.
No entanto, as incertezas no mercado já resultaram em uma queda de 14% nas ações da Aramco, que estão apresentando desempenho inferior em comparação com outras grandes petroleiras ocidentais. Na terça-feira, as ações subiram 0,6% em Riade, mas isso não é o suficiente para mitigar a apreensão no mercado.
Enquanto isso, gigantes como Exxon Mobil e Chevron nos EUA superaram as expectativas dos analistas, o que levanta preocupações sobre a competitividade da Aramco neste ambiente volátil.

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