A Apple, gigante dos eletrônicos, está vivendo um momento crítico devido às novas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump. Mesmo após um intenso esforço para isolar a empresa das guerras comerciais e dos problemas na cadeia de suprimentos, a empresa se vê diretamente atingida.
As tarifas anunciadas pela Casa Branca terão um efeito devastador sobre a Apple, gerando a maior perda em ações da companhia nos últimos cinco anos. As tarifas para produtos provenientes da China chegarão a 34%, elevando a carga total sobre os produtos chineses a alarmantes 54%, o que pode desestabilizar a já complexa cadeia de suprimentos da Apple que depende fortemente da China.
Além disso, as novas tarifas não se restringem à China. Elas também afetam outros centros de manufatura da Apple, complicando ainda mais os esforços da empresa para diversificar sua produção. Veja alguns dos impactos:
- A Índia, onde a Apple está aumentando significativamente a produção de iPhones e AirPods, enfrentará uma tarifa de 27%, um aumento em relação aos 26% anteriormente anunciados por Trump.
- O Vietnã, que abriga a fabricação de AirPods, iPads, Apple Watches e Macs, será afetado por uma tarifa de 46%.
- A Malásia, que fabrica computadores Mac para a Apple, enfrentará uma tarifa de 24%.
- A Tailândia, também produtora de Macs, terá uma tarifa de 37%.
- A Irlanda, dentro da UE, verá uma tarifa de 20% sobre a produção de alguns iMacs.
Essas tarifas podem colocar a Apple em uma posição ainda mais delicada, pois a empresa depende de componentes de diversos países que também serão impactados. Até o fechamento da quinta-feira, as ações da Apple despencaram 9,2% em Nova York, resultando em uma perda de cerca de US$ 311 bilhões (R$ 1,6 trilhão) em valor de mercado. Foi a maior queda em um único dia desde março de 2020, quando a pandemia da Covid-19 abalou os mercados.
Esse cenário de tarifas elevadas revela o quão vulneráveis as empresas de tecnologia estão em relação às tensões comerciais com a Ásia, da qual são altamente dependentes. As novas tarifas entrarão em vigor no dia 9 de abril; a incerteza para os investidores cresce, conforme o impacto financeiro se torna palpável.
Outras empresas não ficaram imunes a essa onda negativa. As ações da Dell, que possui uma das maiores cadeias de suprimentos, caíram 19%, e a empresa já indicou possíveis ajustes de preços. A Logitech, firme no setor de eletrônicos, viu suas ações caírem 17%, a maior baixa em mais de dois anos, evidenciando o impacto das tarifas sobre as operações que dependem fortemente da produção na Ásia e no México.
Durante seu primeiro mandato, o CEO da Apple, Tim Cook, já havia convencido Trump a excluir o iPhone e outros produtos de tarifas. Na época, Cook argumentou que as taxas prejudicariam as empresas americanas, beneficiando empresas concorrentes como a Samsung.
Agora, os especialistas apresentaram uma previsão sombria, sugerindo que a Apple pode não conseguir ajustar seus preços para compensar o aumento das tarifas. “Caso os preços sejam elevados, será em um momento de fragilidade do consumidor”, afirmam analistas da Bloomberg Intelligence.
No início deste ano, a Apple tentou conquistar a confiança de Trump ao prometer um investimento de US$ 500 bilhões nos EUA nos próximos quatro anos. Parte deste investimento inclui a produção de servidores para inteligência artificial no Texas e a fabricação de alguns chips no Arizona.
Atualmente, a Apple realiza pouca ou nenhuma produção em larga escala nos EUA. O único modelo destacado como fabricado em solo americano é o Mac Pro, com preço inicial de US$ 6.999, que, vale ressaltar, é produzido em quantidade limitada e depende de peças importadas de países como a China.

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