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Economia

América Latina à Beira de uma Escolha: Trump vs. China

Guerra comercial entre EUA e China força países latino-americanos a escolherem lados em um cenário de crescente tensão e dependência financeira.

Reunião entre Xi Jinping e Lula
<p>Xi Jinping, líder da China, à esquerda, e Luiz Inácio Lula da Silva, chefe de governo do Brasil (Imagem: Bloomberg)</p>

A guerra comercial iniciada por Donald Trump está pressionando os países da América Latina a tomarem uma posição clara. Os EUA buscam afastar a China de sua influência na região, tradicionalmente considerada seu quintal.

No último dia 14, Trump recebeu o presidente salvadorenho Nayib Bukele em Washington, e ao mesmo tempo o secretário do Tesouro, Scott Bessent, reforçou em Buenos Aires o desejo de que a Argentina reduza sua dependência financeira com os chineses.

Essa estratégia é uma tentativa de conter a crescente presença da China na América Latina, onde o gigante asiático já se tornou um dos principais investidores e parceiros comerciais.

“A China, com seus acordos predatórios disfarçados de ajuda, tem acumulado riquezas das próximas gerações”, alertou Bessent, ressaltando a preocupação dos EUA em evitar que a história da África se repita no continente americano.

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A crescente rivalidade entre as duas potências mundiais deixa governos da região em uma situação difícil, pois lidar com a China sem enfrentar consequências da Casa Branca pode se tornar uma prática obsoleta. Os dias de negócios fáceis com Pequim estão claramente contados.

Como Matias Spektor, professor da Fundação Getulio Vargas, aponta, “o caminho pode ser mais acidentado daqui para frente”.

A Ascensão da China na América do Sul

A China lançou suas operações na América do Sul no início do século XXI, explorando as ricas matérias-primas e, aos poucos, se tornando o principal parceiro comercial da região, superando os EUA.

Usando a Iniciativa do Cinturão e Rota, mais de doze países da América Latina se beneficiaram do investimento chinês, que avançou mesmo sob as duras críticas de Trump. Projetos como o metrô de Bogotá e o porto de Chancay no Peru são exemplos da complexa relação entre a China e a América Latina.

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Além disso, a China ganhou a simpatia de muitos ao fornecer auxílio durante a pandemia de Covid-19.

A Resposta de Trump

Trump, por outro lado, tem optado por uma abordagem mais agressiva, criticando os interesses chineses e se mostrando disposto a recuperar o controle sobre o Canal do Panamá, uma via estratégica construída pelos EUA há mais de um século.

Com a implementação de “tarifas secundárias” sobre países que mantêm laços econômicos com a Venezuela, cuja principal fonte de petróleo é a China, a Casa Branca reafirma sua intenção de enfraquecer a influência chinesa na região.

Porém, essa estratégia é arriscada, uma vez que a China continua adotando uma abordagem mais amigável. Xi Jinping se posiciona como defensor da globalização econômica, enquanto os EUA se mostram cada vez mais isolacionistas.

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Conforme disse Michael Hirson, expert em China, “a China responderá com incentivos, enquanto os EUA utilizam táticas ameaçadoras”.

O acesso a cerca de US$ 2,5 bilhões em assistência dos Estados Unidos às nações latino-americanas pode estar ameaçado, dada a tentativa de Trump de apagar a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional.

“A América Latina não verá os EUA empregarem os meios necessários para realmente competir”, afirma Hirson.

A continuidade da pressão de Trump dependerá do quanto cada país se baseia na economia americana. Países mais próximos, como México e Colômbia, estão profundamente amarrados a Washington, enquanto a relação com as maiores nações da América do Sul, como Brasil e Argentina, é mais complexa.

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O comércio entre o Brasil e a China, por exemplo, atingiu cerca de US$ 178 bilhões no ano passado, quase o dobro do valor trocado com os EUA. Após as tarifas de Trump, a China imediatamente aumentou as importações de soja brasileira.

O presidente da Argentina, Javier Milei, que se colocou como um dos líderes mais aliados a Trump, também mudou sua retórica e agora promove a China como um “grande parceiro comercial”. A busca de Milei por um acordo de livre comércio com os EUA se mostra, no entanto, um desafio, dada a crescente proteção do mercado americano.

“A busca de Milei por um acordo com um país cada vez mais protecionista é como tentar socar a parede”, conclui Jimena Zuniga, analista na Bloomberg Economics. “Ele sabe que a diversificação é fundamental.”

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