A Amazon, gigante do varejo on-line, está em alerta máximo, preparando-se para um clima de negócios que promete ser desafiador nos próximos meses. Diversas empresas, assim como a Amazon, expressam preocupações de que tarifas e a agitação econômica atual podem realmente prejudicar os gastos dos consumidores.
Na última quinta-feira, a empresa apresentou resultados do seu primeiro trimestre de forma decente. Contudo, alertou que o lucro operacional para o período atual deverá ficar abaixo das expectativas de Wall Street.
A projeção da Amazon para o lucro operacional varia entre US$ 13 bilhões a US$ 17,5 bilhões, inferior à estimativa média que previa US$ 17,8 bilhões. As vendas do período, que encerrará em junho, devem girar entre US$ 159 bilhões e US$ 164 bilhões, certas cifras abaixo do esperado, que era de US$ 161,4 bilhões.
Ao fazer essa previsão, a Amazon afirmou que muitos fatores poderiam “impactar de forma significativa” seus resultados, incluindo “políticas tarifárias e comerciais”, flutuações cambiais e potenciais indicações de recessão. Vale lembrar que, em fevereiro, a empresa não havia mencionado tarifas em sua previsão para o primeiro trimestre.
O CEO Andy Jassy, em uma teleconferência pós-resultados, afirmou: “Ninguém sabe ao certo quais serão os níveis das tarifas ou quando elas serão definidas.” No entanto, ele destacou que não houve uma queda na demanda até o momento. De fato, algumas categorias mostram um crescimento nas compras, sinalizando uma possível estratégia de estocagem antes de qualquer impacto tarifário.
O crescimento nas vendas do primeiro trimestre foi de 9%, totalizando US$ 155,7 bilhões, um ligeiro aumento em relação à expectativa média de US$ 155,2 bilhões. O lucro operacional alcançou a impressionante cifra de US$ 18,4 bilhões até 31 de março, superando a projeção de US$ 17,5 bilhões.
A Amazon já é conhecida por seus preços competitivos e uma vasta rede de fornecedores, fator que pode protegê-la se os consumidores se voltarem para as melhores ofertas disponíveis. Porém, a diminuição de vendedores independentes chineses, que abastecem seus armazéns, pode comprometer suas operações de logística e a lucratividade da publicidade.
Alguns sinais de desaceleração já estão visíveis. A receita com serviços de vendedores terceirizados cresceu 6%, atingindo US$ 36,5 bilhões no primeiro trimestre, aquém das expectativas. Enquanto isso, o setor de publicidade, o mais promissor da empresa, cresceu 18%, alcançando US$ 13,9 bilhões, um resultado dentro do esperado.
Sky Canaves, analista da Emarketer, comentou esta vulnerabilidade da publicidade da Amazon, afirmando que cortes de gastos por parte de pequenos e médios vendedores, muito impactados pelas tarifas, podem afetar a performance da empresa, e que a receita proveniente do mercado de terceiros desacelerou visivelmente em comparação com trimestres anteriores.
As ações da Amazon caíram cerca de 2% nas negociações no pré-mercado de sexta-feira, após fechar em Nova York a US$ 190,20. Durante o ano, as ações já enfrentaram uma queda de aproximadamente 13%, à medida que os investidores avaliam o impacto das tarifas de Trump sobre uma operação que depende fortemente de produtos chineses.
Quanto à Amazon Web Services, que é a maior fornecedora de capacidade computacional alugada do mundo, as vendas do primeiro trimestre cresceram 17%, atingindo US$ 29,3 bilhões, alinhado com as expectativas. Entretanto, esse foi o crescimento mais lento em um ano, contrastando com os resultados robustos da Microsoft.
A Microsoft, concorrente direta da Amazon na área de nuvem, obteve resultados impressivos esta semana, superando as apostas do mercado, o que indica que, apesar das tarifas e da incerteza econômica, a demanda por serviços de nuvem se mantém firme.
Gil Luria, analista da DA Davidson & Co., aponta que investidores da Amazon podem estar insatisfeitos com as margens e diretrizes financeiras, levantando questões sobre a capacidade da empresa de absorver custos relacionados às tarifas. Os resultados da AWS, embora próximos das expectativas, são eclipsados pelo crescimento acelerado da Microsoft Azure.
Recentemente, a Casa Branca fez duras críticas à Amazon após rumores de que a companhia estaria pensando em adicionar aos preços a visualização dos custos tarifários aos consumidores. A Amazon rapidamente esclareceu que estava apenas considerando essa opção e que não há planos concretos para implementar essa mudança quanto aos custos de importação da Haul, sua loja semelhante à Temu, que comercializa produtos enviados diretamente de fornecedores chineses.
O CFO da Amazon, Brian Olsavsky, deixou claro que a empresa está se preparando para diferentes cenários no comércio e na economia em geral. “Estamos adotando várias medidas para resguardar a experiência do cliente”, afirmou Olsavsky. “Fazemos tudo que é possível para manter os preços baixos, de uma maneira que faça sentido do ponto de vista econômico.”

You must be logged in to post a comment Login