Logo após as eleições nos EUA, quando Wall Street estava otimista com um presidente Donald Trump favorável aos negócios, Peter Berezin, estragista-chefe da BCA, já emitia seu alerta.
Berezin e sua equipe preveram a imposição de tarifas unilaterais em uma escala sem precedentes, sugerindo que as ações do novo governo superariam amplamente as do primeiro mandato de Trump. A recente turbulência no mercado, causada por dramas tarifários, confirmou a precisão de seu prognóstico feito em dezembro.
Caso suas previsões se concretizem, o mercado de ações dos EUA pode estar longe de tocar no fundo do poço.
Com uma projeção polêmica, Berezin estima que o S&P 500 possa despencar para 4.450 pontos até o final do ano, o que representaria uma queda de quase 18% em relação aos níveis atuais.
Além disso, o preço do petróleo pode cair drasticamente para US$ 50 o barril, de aproximadamente US$ 63 atualmente, e isso não é um bom sinal: a razão seria a falta de demanda.
Berezin acredita que uma recessão nos EUA é bastante provável, podendo iniciar já no segundo trimestre. A economia, segundo ele, já apresentava sinais de fraqueza desde o começo do ano, com uma diminuição nas vagas de emprego, esgotamento das economias acumuladas durante a pandemia e um aumento nas inadimplências de empréstimos para automóveis e educação. Agora, a explosão nas tarifas impostas por Trump pode ser o fator que agravará ainda mais essa situação.
“Recessões geralmente ocorrem quando uma economia vulnerável é atingida por choques”, afirmou Berezin de Montreal, onde a BCA – empresa que ele dirige – está localizada. “A situação está prestes a piorar, não melhorar. A economia, a guerra comercial, tudo vai se intensificar e haverá retaliações.” Ele avalia em 75% a probabilidade de uma recessão nos EUA.
No início do ano, Wall Street mostrava-se otimista quanto às ações e à economia, acreditando que os cortes de impostos e a desregulamentação propostas por Trump seriam capazes de equilibrar qualquer movimento protecionista. De acordo com a Bloomberg, entre 19 estrategistas consultados, ninguém previa que o S&P 500 terminasse o ano abaixo dos 6.000 pontos.
No entanto, Trump agora adota uma postura protecionista extremo, impondo tarifas mais altas em quase um século, incluindo uma taxa mínima de 10% sobre todos os importadores para os EUA e tarifas ainda mais severas sobre outros 60 países.
A resposta dos economistas foi rápida: as projeções para a economia dos EUA estão sendo constantemente revisadas, muitos especialistas estão reduzindo suas expectativas de crescimento e aumentando as previsões de uma contração econômica e uma nova onda de inflação.
Após o anúncio das tarifas, o mercado reagiu rapidamente, com o S&P 500 registrando uma queda de quase 5% em sua pior sessão desde 2022.
Em retaliação às tarifas do governo, outros países podem aumentar a pressão sobre empresas de tecnologia dos EUA operando em suas regiões, impactando negativamente o mercado. Além disso, nações parceiras podem implementar impostos em empresas americanas atuando no exterior, enquanto as populações de várias partes do mundo podem rejeitar produtos dos EUA, ou até mesmo evitar viagens ao país, como já é o caso de alguns canadenses.
Berezin também aponta que os rendimentos do Tesouro dos EUA provavelmente permanecerão elevados nos próximos meses, dado o potencial do governo de avançar com cortes de impostos não financiados.
“Estamos no auge de um ciclo muito complicado, em que as pessoas estão reduzindo gastos por conta de preocupações com suas perspectivas de emprego, e isso se concretiza em um ciclo vicioso”, disse Berezin. “Se as pessoas não consomem, há menos contratações. Menos contratações significam menos empregos, menos renda e, consequentemente, ainda menos gastos.”

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