Os Estados Unidos e a Ucrânia firmaram um pacto crucial sobre o acesso aos recursos naturais da Ucrânia nesta quarta-feira. Esta movimentação visa fortalecer o apoio do presidente Donald Trump nas negociações de cessar-fogo com a Rússia, uma manobra estratégica que Kiev buscava.
O acordo exclusivo concede aos EUA prioridade em novos investimentos para desenvolver os vastos recursos naturais da Ucrânia, que incluem alumínio, grafite, petróleo e gás natural. Isso é essencial para garantir a boa vontade de Trump e, em última análise, para a paz, já que a guerra entre Rússia e Ucrânia continua há mais de três anos.
O Secretário do Tesouro, Scott Bessent, declarou: “Este acordo sinaliza claramente à Rússia que a administração Trump está comprometida com um processo de paz voltado para uma Ucrânia livre, soberana e próspera a longo prazo.”
A Ministra da Economia da Ucrânia, Yulia Svyrydenko, destacou em suas redes sociais que “junto aos Estados Unidos, estamos formando um Fundo que atrairá investimentos globais para o nosso país”.
Esta conquista não veio sem desafios: após semanas de discussões entre autoridades ucranianas e americanas sobre os termos, a pressão para avançar começou a aumentar ao longo da semana, com diplomatas ucranianos visitando Washington para finalizar os detalhes. Embora o acordo principal já estivesse alinhado, questões técnicas ainda estavam sendo discutidas.
Trump, em uma atualização durante reunião de gabinete, expressou: “Fizemos um acordo onde nosso dinheiro está seguro, onde podemos começar a escavar e fazer o que precisamos fazer”, enfatizando que a presença americana na região ajudaria a inibir a atividade de “atores ruins”.
Fundo de reconstrução
O acordo também garante aos EUA prioridade sobre os lucros alocados a um fundo especial de investimento em reconstrução gerido por Washington. Um rascunho do documento mostra que a assistência militar futura se contaria como contribuição para esse fundo. O primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, confirmou que os EUA desistiram da exigência de reembolso de bilhões de dólares em ajuda previamente enviada desde o início da crise.
Esse acordo “fortalece a parceria estratégica entre as partes para a reconstrução e modernização de longo prazo da Ucrânia, em resposta à destruição massiva causada pela invasão russa”, conforme descrito no rascunho. Além disso, Washington reconhece a intenção de Kiev de que este pacto não interfira com seus planos de adesão à União Europeia, um ponto de contenção histórico nas negociações.
A tensão entre autoridades ucranianas e americanas destacou preocupações de Kiev sobre a entrega excessiva de recursos. Washington defendeu que o pacto ajudaria a reembolsar a ajuda fornecida e teria um papel vital como um escudo de segurança contra futuras agressões russas, visto que empresas americanas estariam ativas na região.
Trump manifestou sua crescente frustração tanto com a Ucrânia quanto com a Rússia, especialmente pela dificuldade em lograr um consenso que encerre a invasão. Como um sinal claro, ele ameaçou “abandonar” as negociações se não houver progresso, levantando preocupações sobre como a Ucrânia poderia ser responsabilizada pelo fracasso das conversas.
Uma tentativa anterior de fechar esse acordo foi frustrada no início do ano, após conflitos entre o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e Trump e o vice-presidente JD Vance.
O caminho para o atual acordo passou pela assinatura de um memorando de intenções em abril e, posteriormente, pela reunião de Zelensky com Trump no Vaticano antes do funeral do Papa Francisco.
O novo pacto deixará evidentes as condições para aumentar os investimentos em mineração, energia e tecnologias relacionadas na Ucrânia, reafirmando que o acordo se alinha aos interesses de adesão ao bloco europeu da Ucrânia.

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