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Ações da Amgen despencam 12% após falhas em injeção contra obesidade
Mesmo com pacientes perdendo até 20% do peso, Amgen não atendeu expectativas e suas ações caem pesadamente. Análise crítica revela desafios à frente.
As ações da Amgen sofreram um golpe devastador, caindo mais de 12%, a maior desvalorização em 23 anos. O motivo? Seu medicamento experimental para combate à obesidade, MariTide, não conseguiu se destacar em relação à concorrência, apresentando ainda uma preocupante taxa de efeitos colaterais gastrointestinais.
Embora alguns pacientes tenham conseguido emagrecer até 20% do peso corporal ao longo de um ano, as expectativas da indústria eram mais ousadas, com analistas aguardando uma redução de 25% para que o produto pudesse competir adequadamente com os medicamentos de empresas como Eli Lilly e Novo Nordisk, que já se preparam para lançar suas versões de próxima geração.
Além disso, cerca de 11% dos participantes do estudo abandonaram o uso de MariTide devido a efeitos adversos, um número que supera ligeiramente os índices observados nos estudos concorrentes. Uma taxa alarmante de 40% dos pacientes relataram episódios de vômito, especialmente nos primeiros dias após a injeção. A Amgen já está testando uma dose inicial menor, que reduziu pela metade a frequência de vômitos, e que será incorporada nos ensaios finais.
Questões de Tolerabilidade
“A aceitação do medicamento está em jogo até que mais dados sobre doses ajustadas sejam divulgados”, comentou Chris Schott, analista do JPMorgan, em uma análise detalhada.
Análise da Bloomberg Intelligence:
Os resultados de perda de peso da MariTide, com 20% após 52 semanas, ficam no limite mínimo do esperado e são semelhantes ao Zepbound, da Lilly. No entanto, os novos tratamentos da Lilly e da Novo Nordisk poderiam estabelecer um padrão superior de eficácia. A MariTide parece se destacar apenas pela frequência mensal de aplicação, o que pode não ser atrativo o suficiente para médicos e pagadores.
- Justin Kim e Amena Saad, analistas da Bloomberg Intelligence.
A Amgen se encontra sob pressão para diversificar sua linha de produtos, uma vez que um terço de seu portfólio se aproxima da expiração de patentes. Sem um avanço significativo no tratamento da obesidade, as receitas futuras da empresa podem não ser suficientes para compensar a queda esperada nos lucros.
Apesar da MariTide não ter se mostrado superior a produtos como o Zepbound (com 21% de emagrecimento em 72 semanas) ou Wegovy (com 16% em 68 semanas), os executivos da Amgen argumentaram que os pacientes não atingiram um platô de perda de peso ao final de 52 semanas, sugerindo que resultados ainda melhores podem ser alcançados com o uso prolongado.
Adicionalmente, a MariTide demonstrou eficácia semelhante quando administrada a cada dois meses, desafiando a preferência do mercado por dosagens mensais, conforme evidenciado pelas injeções semanais já dominantes como Zepbound e Wegovy.
O mercado global de tratamentos para obesidade tem potencial para gerar impressionantes US$ 130 bilhões em vendas até o fim da década. Enquanto algumas empresas apostam em opções em comprimidos, a Amgen propõe um produto que se diferencia pela aplicação menos frequente.
A MariTide é uma conjugação de anticorpos (ADC), tecnologia que geralmente encontramos em tratamentos oncológicos. Ela combina um anticorpo que bloqueia o receptor GIP e dois peptídeos que imitam o hormônio intestinal GLP-1, diferentemente de seus concorrentes que utilizam métodos variados.
“A diferenciação se resume a uma frequência de dosagem limitada”, resumiram analistas da Leerink Partners.
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