No epicentro da tensão econômica, o presidente Donald Trump expressou sua indignação ao ouvir insinuações de que Wall Street acredita que ele recuará em suas ameaças de tarifas. Em sua própria defesa, Trump destacou que seus recuos não são fraquezas, mas parte de uma estratégia de negociação bem pensada.
“Isso se chama negociação”, declarou Trump em um evento no Salão Oval nesta quarta-feira. Ele explicou que começar com um valor elevado e, em seguida, recuar é uma técnica deliberada que utiliza para alcançar concessões significativas nas negociações comerciais.
Durante a mesma aparição, Trump foi questionado sobre um conceito emergente no mercado conhecido como “TACO Trade”, que reflete o comportamento de investidores que se aproveitam das quedas no mercado após suas ameaças tarifárias. A crença é que ele eventualmente cederá às pressões, resultando em uma recuperação das ações.
A expressão, que na tradução livre significa “Trump Sempre Recua”, foi criada por um colunista do Financial Times e rapidamente se espalhou entre os traders que buscam entender as frequentes oscilações da política tarifária de Trump desde o início de seu mandato.
Um exemplo recente inclui a queda das ações na sexta-feira (23), quando Trump ameaçou impor uma tarifa de 50% em produtos europeus, mas logo após, adiou a implementação, permitindo que as ações se recuperassem. Essa tática já é uma marca registrada de sua administração, caracterizada por mudanças drásticas e recuos inesperados.
A política tarifária de Trump é repleta de decisões controversas e mudanças constantes:
- As tarifas de 145% sobre produtos chineses, que geraram preocupação em relação ao aumento no custo de produtos, foram reduzidas para 30% após o mercado reagir negativamente.
- Uma trégua anunciada em 12 de maio, que levou a negociações entre as duas maiores economias do mundo, foi projetada para permitir um período de pelo menos 90 dias destinado a discussões adicionais.
- A imposição de tarifas de até 50% em abril trouxe volatilidade ao mercado, mas logo após, Trump pediu calma aos investidores, afirmando que era um ótimo momento para comprar, e acabou suspendendo as tarifas mais altas para facilitar negociações.
- Depois que o comércio automobilístico pressionou por mudanças, Trump acabou cedendo, aliviando tarifas sobre metais essenciais para a indústria automotiva, evitando assim possíveis consequências indesejadas.
- Além disso, durante o anúncio de tarifas sobre eletrônicos, ele surpreendeu a todos ao isentar produtos como smartphones e computadores, o que demonstra sua capacidade de reavaliar decisões em resposta ao feedback do mercado.
Essas decisões ocorreram após recuos anteriores de Trump em tarifas contra o Canadá, México, e mudanças nas tarifas para pacotes baratos.
A abordagem de Trump, que combina ameaças de tarifas e concessões estratégicas, teve alguns sucessos iniciais na forma de acordos rápidos. Um exemplo disso foi quando ele pretendia impor uma tarifa de 50% sobre produtos colombianos; o presidente colombiano cedeu prontamente às exigências de deportação.
No entanto, especialistas advertiram que essa estratégia pode perder eficácia ao longo do tempo. Cada vez que Trump recua em uma ameaça, as partes envolvidas podem começar a considerar essas ações como menos credíveis, gerando desconfiança nas negociações futuras.
Durante o evento no Salão Oval, um repórter questionou Trump sobre a “TACO Trade”, que gerou uma resposta explosiva, na qual ele manifestou sua insatisfação, afirmando ser criticado por ser excessivamente duro. Ele considerou a pergunta como “desagradável”.
“Eles não estariam aqui hoje negociando se eu não tivesse imposto uma tarifa de 50%”, afirmou Trump. “O que me preocupa é que, quando chego a um acordo mais razoável, sou acusado de recuar, como se isso fosse algo negativo. Isso é simplesmente inacreditável!”

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